Silvio CioffiUncategorized – Silvio Cioffi http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br Mon, 27 Jun 2016 21:21:18 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Executiva da Disney lamenta morte em resort http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/2016/06/22/executiva-da-disney-lamenta-morte-em-resort/ http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/2016/06/22/executiva-da-disney-lamenta-morte-em-resort/#respond Wed, 22 Jun 2016 20:02:44 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14245428.jpeg http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/?p=792 Em entrevista a este blog da Folha, a executiva Lynn Clark, vice-presidente da Disney, comentou a morte de um menino de dois anos que, aparentemente, foi morto por um aligátor, o jacaré americano, no lago de um resort da Walt Disney World, na Flórida (EUA).

O corpo da criança foi encontrado na última quarta-feira (15) e, de acordo com relatos, esse teria sido o primeiro ataque com morte acontecido na Disney em seus 45 anos.

“Não existem palavras que expressem o nosso mais profundo pesar. Foi um acidente trágico e estamos fazendo tudo para prestar nosso total apoio aa família neste momento”, declarou ela a este blogueiro durante o evento de turismo IPW16, que, neste ano, acontece em Nova Orleans (Luisiania).

Lynn Clark assumiu a vice-presidência da divisão de vendas do setor de turismo da Disney em 2014. E, em abril deste ano, se tornou a vice-presidente internacional de marketing e vendas da empresa.

No início de sua carreira, ela atuou na indústria de cruzeiros e, por conta disso, viajou por vários destinos mundo afora.

Na Disney há 20 anos, a executiva trabalhou em vários segmentos da indústria do turismo: cuidou de vendas, do “trade” (que é como o setor de viagens identifica a si mesmo) e do consumidor final.

Formada em Artes pela Universidade do Colorado, Lynn nasceu em Portland (Oregon), cresceu em Dallas (Texas) e tem especialização em francês e em espanhol.

Atualmente, mora na Califórnia, onde o conglomerado de megaparques temáticos, turismo e entretenimento criado pelo empresário Walt Disney (1901-1966) tem seus principais centros de engenharia e gerenciamento.

Leia a seguir os principais trechos de sua entrevista exclusiva em que ela comenta também o atentado na boate Pulse, em Orlando, e menciona planos do grupo.

Lynn Clark[1]
Lynn Clark, vice-presidente da Disney (foto Divulgação)

TRAGÉDIA NA DISNEY

“Em nome de todos na Disney, nós sentimos profundamente o ocorrido. Foi um trágico acidente e estamos fazendo tudo para prestar total apoio â familia nesse momento tão difícil.”

ATENTADO EM ORLANDO

Estamos todos devastados com os acontecimentos que vitimaram 49 pessoas inocentes na boate Pulse, em Orlando, no dia 12 deste mês.

A comunidade está unida e oferencendo todo apoio possível para as famílias e amigos que tanto sofrem com essa tragédia.

A Walt Disney Company fez uma doação de 1 milhão de dólares em espécie para o OneOrlando Fund, estabelecido pelo prefeito de Orlando.

IPWs

O IPW, o grande evento da indústria do turismo norte-americano, que neste ano, na versão IPW16 acontece em Nova Orleans, na Luisiania, é um show muito interessante e produtivo em que eu tive a chance de participar nos últimos seis anos

PLANEJANDO O FUTURO

O Walt Disney World, parque temático localizado em Orlando (Flórida), continua crescendo e desenvolvendo novos projetos, como por exemplo uma área cujos temas são “Star Wars” e “Toy Story”, no Hollywood Studios, e “Avatar”, no Animal Kingdom.

Já no setor de cruzeiros, a Disney Cruise Line tem planos de construir dois novos navios a serem entregues em 2021 e 2023, respectivamente.

E também teremos novidades no Disney Wonder para 2017, com novos espaçcos para crianças e um restaurante com jazz, para antecipar dois novos empreendimentos.

DESTINOS TURÍSTICOS

Pessoalmente, acho difícil responder sobre minhas preferências quando o assunto é viajar.

Existem tantos destinos maravilhosos, que fica complicado escolher.

Nos EUA, os Estados do Havaí e do Alasca são incríveis.

Nesse momento, estou ansiosa para visitar o Brasil –e estou planejando uma visita para muito breve.

Já ouvi coisas fantásticas sobre o seu país!

BRASIL EM CRISE

Para a Disney, o Brasil continua a ser um dos mercados internacionais mais importantes.

Reconhecemos as dificuldades econômicas do país, mas mesmo com tantos desafios, o seu país continua a ser o maior mercado da América Latina.

Com tantas novidades nos parques Disney, esperamos sempre ver os brasileiros visitando e se divertindo nos nossos parques.

CHINA EM ALTA

Ficamos muito honrados em receber tantos visitantes chineses.

É um mercado enorme e com um potencial incrível.

Tanto no Walt Disney World, em Orlando, quanto na Disneylândia, na Califórnia, buscamos atender muito bem todos os visitantes de todos os países do mundo, levando em conta também as diferentes origens.

Sempre, todos os mercados internacionais são muito importantes para Disney. E continuamos a trabalhar de modo incansável com cada um deles individualmente.”

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Menos brasileiros foram aos EUA em 2015, mas gastos aumentaram http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/2016/06/21/menos-brasileiros-foram-aos-eua-em-2015-mas-gastos-aumentaram/ http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/2016/06/21/menos-brasileiros-foram-aos-eua-em-2015-mas-gastos-aumentaram/#respond Tue, 21 Jun 2016 23:11:27 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14245428.jpeg http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/?p=784 Depois de mais de uma década de crescimento ininterrupto no número de turistas que foram aos EUA, a atual crise fez com que os brasileiros fossem em menor número ao território norte-americano.

Mas, em compensação, seus gastos nessas viagens aumentaram.

No geral, o Brasil perdeu duas posições nesse ranking de visitantes em 2015, utrapassado pela China e pela Alemanha, e fechou o ano passado com o envio de 2,22 milhões de viajantes aos EUA (-2 % em relação à 2014).

Por outro lado, os brasileiros gastaram em compras e em turismo cerca de US$ 13,6 bilhões dólares, ou seja 1% a mais do que no ano anterior (2014), segundo estatísticas do Departamento de Comércio norte-americano.

Os dados foram divulgados em Nova Orleans durante o evento IPW16, que termina nesta quarta (22) –e reúne representantes do setor de turismo norte-americano em 1.380 estandes, visitados por 1.700 compradores internacionais e participantes de mais de 70 países.

Analisando os números divulgados hoje no evento, Luiz De Moura Jr., diretor da IPW para a América Latina, conclui que os brasileiros seguem em segundo lugar em gastos per capita em suas viagens aos EUA.

Assim, exceptuando o turismo de fronteira, que coloca o Canadá e o México respectivamente em primeiro e em segundo lugares entre os países que mais enviam visitantes aos EUA em 2015, o Brasil ocupa agora a quinta posição nesse ranking (veja tabela abaixo), atrás do Reino Unido (+18%), do Japão (+4%), da China (+18%) e da Alemanha (+10%).

“Quando dividimos o número de turistas pelo total de gastos, verificamos que os brasileiros desembolsaram, per capita, no ano passado, cerca de US$ 6.126”, afirma Luiz Moura.

Fazendo a mesma conta, o economista mostra que, se de um lado os turistas chineses gastaram US$ 10.386 por pessoa nos EUA em 2015, por outro os japoneses deixaram US$ 4.414 per capita e os britânicos, US$ 2.574.

Curiosamente, um dos destinos mais procurados por brasileiros em território norte-americano, a cidade de Nova York, por exemplo, até teve um incremento de visitação quando comparados os anos de 2015 e de 2014.

De acordo com estimativa do mesmo Departamento de Comércio dos EUA e do órgão de fomento NY&Co, que representa Nova York, houve um aumento de visitação proveniente do Brasil que foi de 926.000 turistas, em 2014, para 948.000, no ano passado.

Isso significa que, excluindo-se Canadá e México, o Brasil é, atras do Reino Unido, o segundo país que mais envia turistas para a maior metrópole norte-americana, uma posição na frente da China, cujo crescimento é, no entanto, consistente em qualquer estatística sobre a indústria do turismo nos EUA.

 

Roger Dow, presidente e CEO da U.S. Travel Association, corta a faixa inaugural do IPW16 (foto – Divulgação)

ROGER DOW

Presidente e CEO da U.S. Travel Association of America, Roger Dow mostrou no IPW16 que as duas maiores preocupações das lideranças da indústria de turismo no país são as de manter a segurança nas cidades norte-americanas e de garantir a velocidade na concessão de vistos.

Falando do ataque recente que vitimou 49 pessoas na boate gay Pulse, em Orlando, ele afirmou que “agora, infelizmente, existem coisas assustadoras acontecendo no mundo que nos faz pensar duas vezes acerca das coisas que estamos fazendo, incluindo aí as decisões sobre viajar. Entretanto, na minha opinião, os EUA devem continuar abertos e conectados com o mundo”, disse Dow.

Outros números importantes divulgados durante o evento dão conta de que, no geral, os 75 milhões de visitantes internacionais gastaram em turismo cerca de US$ 133 bilhões nos EUA em 2015.

No geral, sempre de acordo com dados divulgados no IPW16, a indústria de viagens nos EUA emprega, diretamente, 8,1 milhões de pessoas.

O turismo e as viagens representam estimados 2,7% do PIB dos EUA.

IPW16/IPW17

Anteriormente conhecido como Pow Wow, o IPW é um evento anual da U.S. Travel Association, organização que, presidida por Roger Dow, congrega toda a indústria do turismo norte-americano –incluídos aí grupos hoteleiros, companhias aéreas, locadoras de automóveis, empresas de cruzeiros marítimos, museus, megaparques temáticos como Disney e Universal, operadores de turismo, atrações e, também, órgãos oficiais de fomento turístico (os CV&Bs).

Desde o inicio da primeira gestão Obama, a organização público-privada Brand USA colabora na organização do IPW, que, no ano que vem, será realizado em Washington (DC).

OS “TOP FIVE”

OS PRINCIPAIS MERCADOS DO TURISMO AMERICANO EM NÚMERO DE VISITANTES (2015/2014)
(dados excluem Canada e Mexico)
1. Reino Unido – 4,90 milhões de turistas (+18%)
2. Japão – 3,76 milhões (+4%)
3. China – 2,59 milhões (+18%)
4. Alemanha – 2,27 milhões (+10%)
5. Brasil – 2,22 milhões (-2%)

EM NÚMEROS ABSOLUTOS, OS PAÍSES QUE MAIS DEIXARAM DIVISAS EM VIAGENS AO EUA (2015/2014)
(dados excluem Canadá e México)
1. China – US$ 26,0 bilhões (+12%)
2. Japão – US$ 16,6 bilhões (-6%)
3. Brasil – US$ 13,6 bilhões (+1%)
4. Reino Unido – US$ 12,6 bilhões (-7%)
5. Índia – US$ 10,6 bilhões (+8%)
Fonte: Departamento de Comércio dos EUA e IPW16

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Especialista analisa a evolução dos cruzeiros no país http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/2016/06/14/775/ http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/2016/06/14/775/#respond Tue, 14 Jun 2016 20:18:25 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14245428.jpeg http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/?p=775 Expert da indústria de cruzeiros marítimos, setor que embarcou no ano passado em todo mundo cerca de 23 milhões de passageiros, o publicitário paulistano Francisco Ancona participa ativamente da evolução do segmento de turismo nos últimos 35 anos.

Nesse período, ele perdeu a conta de quantas viagens de navio fez pela América do Sul, pelo Caribe e pela Europa, destinos que acompanha mais de perto, desenvolvendo projetos e campanhas de marketing.

Graduado pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) em 1980, Francisco é neto do jornalista Nicolau Ancona Lopez, que, nascido na Itália, imigrou para o Brasil na virada do século 19 para o século 20 –e logo se tornou redator do jornal “O Estado de S. Paulo”, onde permaneceu por quase 40 anos.

Seu filho mais velho, Vicente, seguiu a vocação de Nicolau e trabalhou no mesmo jornal, do qual saiu, em 1921, para colaborar na fundação da “Folha de S. Paulo”, onde secretariou a Redação e foi crítico de arte e teatro.

Já o pai de Francisco, jornalista de “A Gazeta”, foi um dos pioneiros da publicidade em São Paulo, atividade que o levou ao setor e, depois, à indústria do turismo, com maior foco nos cruzeiros.

Leia a seguir os principais trechos da sua entrevista a este blog da Folha.

Francisco Ancona Lopez, especialista em cruzeiros marítimos (Foto: Arquivo Pessoal)
Francisco Ancona Lopez, especialista em cruzeiros marítimos (Foto: Arquivo Pessoal)

NAVEGAR É PRECIOSO

Confesso algo curioso: nunca fiz uma viagem transatlântica, em tantos anos de serviços prestados na área.

Fiz inúmeras viagens marítimas, mas nunca embarquei numa travessia atlântica.

Quem sabe quando me aposentar…

E, desde o início, a Costa Cruzeiros foi o meu cliente do coração, aquele que acompanho desde o primneiro dia de minha vida profissional.

Conheci grandes profissionais entre os diretores, colaboradores e funcionários da empresa, no Brasil e em outros mercados.

Realmente, ainda no início do século 20, a família Costa tinha negócios na produção e exportação de óleo de oliva da Ligúria, região da Itália cuja capital é Gênova.

O início das operações com transporte de passageiros surgiu em 1948, quando foi implantada a linha regular entre a Europa e a América do Sul.

O primeiro navio a operar a rota foi o Anna C, que em março daquele ano partiu lotado de imigrantes de Gênova para Buenos Aires, escalando o Rio de Janeiro.

Em 68 anos de atividades, a Costa nunca deixou de enviar seus navios para o Brasil, algo muito significativo pois o mundo e nosso país passaram por diversas crises nesse período.

O Enrico C chegou em meados dos anos 1960, como o Eugenio C, que teve sua viagem inaugural em 1966 e por 30 anos consecutivos esteve em nossos portos.

A LINEA “C”

A fidelidade da Costa com o Brasil, onde por muito tempo era conhecida como Linea “C”, explica parte da identificação entre marca e mercado.

Outra forte razão do vínculo estreito é a famosa qualidade do produto Costa, que sempre teve como base a gastronomia e a ênfase no entretenimento (shows, música, animação).

Hoje, com a potencialização do melhor da Itália, que é sintetizada no conceito “Italy´s finest”, adotado pela empresa, essa sinergia se reforça ainda mais e junto a novas gerações de consumidores.

A Costa atualmente tem 15 navios em operação, além de mais quatro em construção.

É uma empresa global, com forte presença no Mediterrâneo, Norte Europeu, América do Sul, Caribe, China e Oriente, Emirados Árabes.

A companhia Carnival Cruises adquiriu a empresa familiar em 1997, e desde então, a Costa tem tido suas raízes italianas cada vez mais valorizadas.

CRISE E CRUZEIROS NO BRASIL

Os brasileiros são muito relevantes no período do verão (de dezembro a março), quando a Costa Cruzeiros e outras empresas operam cruzeiros na América do Sul.

Além de dezenas de milhares de hóspedes na costa brasileira, tem aumentado de forma expressiva a quantidade de brasileiros que fazem cruzeiros nos navios da Costa que operam no exterior, em especial no Caribe e na Europa.

Há alguns anos, a operação no Brasil chegou a ter quatro navios da marca Costa, sempre com altos índices de ocupação.

No entanto, as dificuldades ligadas às condições de operação nos portos e aos custos locais fizeram com que todas as empresas que operavam em nosso litoral redimensionassem seus projetos.

Infelizmente, hoje poucos transatlânticos de grandes empresas internacionais permanecem em nossas águas. Uma pena ver que criou-se um mercado importante, e que o mesmo está minguando.

Nosso país poderia se beneficiar muito mais com as oportunidades de trabalho e riqueza que os navios de cruzeiro proporcionam.

VOLTA AO MUNDO LUMINOSA

Hoje, a crise está aí e não parece fácil reverter essa tendência, mas nossa economia é dinâmica –e as mudanças necessárias sempre poderão acontecer, desde que haja uma nova visão por parte das entidades e autoridades que regulamentam o setor.

Temos que confiar de que novos horizontes e estratégias surjam, pois os navios sempre encontrarão novos mercados para operar – há “cases” internacionais que demonstram isso, como o Oriente, o Índico, os Emirados Árabes, que têm atraído as grandes companhias.

A volta ao mundo que o Costa Luminosa fará em 2017, zarpando do Rio de Janeiro no dia 27 de janeiro e navegando por 88 noites, é uma oportunidade que devemos aproveitar, pois trará mais de 2.000 estrangeiros para visitar nossos portos.

A longa viagem se encerra na Itália, no porto de Savona, depois de cruzar o Atlântico e o Pacífico.

O Brasil precisa se manter inserido no contexto da indústria dos cruzeiros marítimos, com tantos atrativos históricos e naturais.

O MERCADO CHINÊS

O governo chinês abriu as portas para os cruzeiros há cerca de dez anos, e a Costa foi pioneira em programar transatlânticos de passageiros para aquela região.

Foi feito um trabalho visando longo prazo, que acabou trazendo excelentes resultados e acabou atraindo outras grandes empresas internacionais.

Isso desenvolveu o turismo de cruzeiro, o receptivo nos portos, o comércio e até estaleiros navais para a construção e manutenção dos transatlânticos.

Atualmente, o Costa Victoria, o Costa Serena, o Costa Atlantica e o Costa neoRomantica estão dedicados àquele mercado –e dois super navios estão em construção para atender a China até 2020.

Os hóspedes locais têm hábitos diferentes que os ocidentais, levando a companhia a promover adaptações no produto oferecido a bordo.

O negócio dos cruzeiros exige jogo de cintura e a Costa têm em seu DNA esta característica, o que a faz encontrar oportunidades como foi essa.

O FUTURO DOS CRUZEIROS

O segmento dos cruzeiros marítimos oferece produtos para todos os perfis de hóspedes: jovens, casais com filhos, seniores, empresas que realizam eventos e convenções.

O campo é amplo e há inúmeras oportunidades para o trade turístico fazer bons negócios.

As reservas através da internet tendem a crescer, mas há espaço para operadoras e agências de viagens convencionais para também aumentar sua participação na venda de cabines.

Os grupo familiares e de afinidade, por exemplo, são casos típicos em que um agente “off-line” pode prestar serviços diferenciados.

Há formas de atender que agradam uma grande parcela da clientela dos navios, os agentes atentos saberão identificá-las.

MEMÓRIAS DE VIAJANTE

Não saberia responder a quantas viagens de navio já fiz, foram centenas.

Profissionalmente, acompanhei com certeza mais de 150 eventos a bordo, entre produção de campanhas publicitárias, cruzeiros temáticos, viagens de familiarização, entre outros eventos.

Pessoalmente, lembro com carinho das primeiras, em família, ainda criança e adolescente, com meus pais e irmãos.

Duas em especial: a bordo do Anna C, em 1971, para a Terra do Fogo, e do Andrea C, em 1975, para Manaus. Lembro também de escalas maravilhosas nas viagens profissionais, caso do Egito, da Croácia, de Kottor (navegando por um fiorde na região do Montenegro), de Gibraltar e da Grécia.

O embarque no velho porto de Gênova também é marcante.

Vivenciar um cruzeiro cada um tem sua maneira, o navio oferece muitas oportunidades.

A minha é estreitar amizades –e bater um bom papo na mesa do restaurante, em prazerosos almoços e jantares. A vida a bordo é sempre boa desde que estejamos predispostos a aproveitar o conforto que o transatlântico oferece, sem dar importância às limitações que qualquer lugar do mundo oferece.

PRÓXIMO DESTINO?

Meu próximo cruzeiro deve ser pelo Mediterrâneo, em novembro de 2016, a bordo do Costa Diadema, cuidando da operação de um inédito projeto temático: o primeiro que realizaremos na Europa, com um grupo de hóspedes e protagonistas brasileiros.

Acabo de regressar de breve estada na Itália, onde sempre renovo forças e reciclo idéias. Roma é minha usina pessoal.

No Brasil, gosto muito do Recife e de sua gente criativa e talentosa.

O misticismo de Salvador também me atrai muito.

E o Rio de Janeiro, onde morei na virada dos anos 1960/70, me marcou.

Mas se tem um destino que me encanta, é a Ilhabela –e me orgulho de ter participado de sua inclusão no mapa dos cruzeiros na costa brasileira, em 1995.

Em Santa Catarina, entre as várais praias, gosto de Imbituba.

Já no “país Rio Grande do Sul”, curto o orgulho dos gaúchos, a beleza da Serra, o chimarrão em Venâncio Aires e Lajeado.

VIAJAR COMO NECESSIDADE

Quando entrei no mercado publicitário, viajar ainda era quase um artigo de luxo.

Pouco tempo depois, tornou-se um hábito recorrente.

Hoje, é artigo de primeira necessidade.

O turismo se segmentou e se tornou potencialmente uma das maiores indústrias do planeta, sem limitações de idade e até de poder de consumo.

Em nossos dias, há viagens para crianças e para a maturidade, para todos os bolsos, sem limitações.

Isso é maravilhoso e promissor.

Tenho a sensação que tive muita sorte e que fiz a escolha certa. Nessa ordem.

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Cônsul de turismo revela Japan House na Paulista http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/2016/06/08/consul-de-turismo-revela-japan-house-na-paulista/ http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/2016/06/08/consul-de-turismo-revela-japan-house-na-paulista/#respond Wed, 08 Jun 2016 20:54:38 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14245428.jpeg http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/?p=765

Em março de 2017, a avenida Paulista verá inaugurada uma Japan House e, por trás dessa iniciativa, que vai nos tornar ainda mais filo-nipônicos, está o japonês Takuo Sato.

Diplomata de carreira que nasceu em Kyoto e cresceu em Nara, o cônsul Sato –que é formado em direito e em administração pública–, vive na capital paulista desde 2015 e é especializado em assuntos de turismo.

Antes disso, serviu a diplomacia em Lisboa (Portugal), em Maputo (Moçambique), em Brasília (DF) e em Washington (EUA).

Ao todo, ele, que já viveu dois anos e oito meses no Brasil, diz que São Paulo “é um lugar peculiar para os japoneses” –e conta que, no ano que vem, a avenida Paulista vai ganhar uma Japan House onde “os brasileiros poderão entender mais sobre o Japão.”

Para ele, “aqui há muitos descendentes de japoneses e paulistas que, por terem assistido desenhos-animados e seriados como Ultraman e Jaspion desde a sua infância, têm coração (sentimento) próximo aos japoneses.”

Leia a  seguir a entrevista exclusiva cravejada de números, análises e dicas que o cônsul Takuo Sato concedeu a este blogueiro da Folha.

Takuo Sato, diplomata japonês em São Paulo (Foto: Arquivo Pessoal)
Takuo Sato, diplomata japonês em São Paulo (Foto: Arquivo Pessoal)

JAPAN HOUSE NA PAULISTA

“Por iniciativa do nosso governo, uma Japan House será inaugurada em São Paulo, na avenida Paulista, número 52, em março de 2017.

A Japan House, onde a tradição estará lado a lado com o futuro, será um lugar para entender mais sobre o Japão.

Nela, os visitantes sentirão o Japão, seja através de exposições, de eventos, da gastronomia e de outras atividades.

E essas atividades serão oferecidas com a hospitalidade japonesa.

Para os potenciais turistas brasileiros que querem visitar o Japão, essa Japan House propiciará uma iniciação para que quer conhecer as princicpais atrações turísticas nipônicas.

E, para quem já conhece, a Japan House será um lugar para redescobrir o Japão –e ter a vontade de voltar ao país!

TURISMO NA TERRA DO SOL NASCENTE

O número total de visitantes estrangeiros no Japão, incluindo todos os tipos de vistos, no ano de 2015, foi de 19.737.409 pessoas.

Segundo dados oficiais, os principais visitantes são provenientes dos seguintes países/territórios:

1. China (4.993.689 pessoas)

2. Coréia do Sul (4.002.095)

3. Taiwan (3.677.075)

4. Hong Kong (1.524.292)

5. EUA (1.033.258)

Se fossemos nos ater ao número de turistas, os dados mais atuais são de 2014:

1. Taiwan (2.674.425 pessoas)

2. Coréia do Sul (2.285,069)

3. China (1.753.572)

4. Hong Kong (886.308)

5. EUA (611.075)

Já falando especificamente do número de turistas brasileiros, em 2014, 24.006 viajantes vindos do Brasil visitaram o Japão

Fonte: JNTO

O JNTO (Japan National Tourism Organization) é um órgão governamental ligado à Agência de Turismo do Japão; essa, por sua vez, pertence ao Ministério das Terras, Infraestrutura, Transporte e Turismo japonês.
MAIS BRASILEIROS NO JAPÃO
O número de turistas brasileiros também tem mostrado um aumento nestes últimos anos.

Não há informações concretas a respeito da motivação destes turistas. Porém, acredita-se que, os laços humanos que nasceram através da imigração japonesa no Brasil têm impulsionado o interesse mútuo.

Vou relacionar alguns rankings anuais de visitação para que se tenha uma ideia da variação do número de brasileiros que, conforme o período, nos tem visitado, assim:

Ano
Número de visitantes brasileiros*
2009
16.899
2010
21.393

2011
18.470

2012
32.111

2013
27.105

2014
32.310

2015
34.017
*Inclui todos os tipos de vistos (não temos números conforme tipo de visto)
Em relação aos vistos emitidos pelo Consulado Geral do Japão em São Paulo, dos 19.400 vistos emitidos, 14.700 foram de curta permanência, representando quase 70% do total.

O visto de curta permanência é emitido às pessoas que permanecerão temporariamente no Japão –e que não exercerão nenhuma atividade remunerada, portanto, não são emitidos exclusivamente a turistas.

Para complementar as tabelas acima, segue abaixo o número de vistos de curta permanência emitidos pelo Consulado Geral do Japão em São Paulo entre 2009 e 2014:

Ano
Número de visto de curta permanência
2009
6.300
2010 9.000

2011
10.200

2012
18.000

2013
12.500

2014
14.700
SATISFAÇÃO GARANTIDA
Diria que, para os turistas internacionais, os principais atrativos do Japão são a culinária típica, compras, natureza, dentre outros.

Segundo uma pesquisa de satisfação realizada entre os turistas pelo Ministério das Terras, Infraestrutura, Transporte e Turismo do Japão, em 2015, 47,8% responderam que ficaram extremamente satisfeitos e 44,8% responderam que ficaram satisfeitos, somando mais de 90% dos entrevistados!

Ao serem indagados se pretendem retornar ao Japão, 57,9% responderam “com certeza”, e 35,4% responderam “sim”, somando, novamente, mais de 90% dos entrevistados.

Não há nenhum dado estatístico a respeito do custo/benefício das viagens ao Japão, mas, segundo o site da Tripadvisor, viagens para o Japão são mais em conta do que para Nova York, Londres ou Paris.

Além disso, no Japão, não há o costume de oferecer gorjeta, e mesmo assim, o serviço oferecido é de alta qualidade.

Devido ao maior número de voos disponíveis, Tóquio continua sendo a principal porta de entrada do Japão.

Entretanto, nesses últimos anos, o número de voos provenientes principalmente da Ásia tem aumentado no Aeroporto Internacional de Kansai.

Dentre as principais sugestões de rotas de viagem, a chamada Golden Route (Tóquio–Fuji Hakone–Kyoto–Osaka–Hiroshima) ainda é a preferida, mas não podemos deixar de citar a rota do Japão Central (Tóqiuo–Nagano–Gifu–Tateyama (Toyama)–Kanazawa (Ishikawa)–Nagoya (Aichi), além de Hokaido e Okinawa.

Sem dúvida, a cultura tradicional japonesa, a natureza e os festivais também são alguns dos principais atrativos do país, encontrados não nas grandes metrópoles, mas em cidades mais afastadas.

Atualmente, o monte Koya, localizado no norte da Província de Wakayama, tem se tornado um dos pontos turísticos preferidos, não somente pelos japoneses, mas também pelos estrangeiros, devido a sua riqueza histórica e natural.
VIAGENS MARÍTIMAS

Também recebemos diversos cruzeiros vindo de países próximos ao Japão.

O número de estrangeiros que entraram no país através dos portos aumentou 2,7% em 2015, comparado com o ano anterior.

Esse aumento foi resultado, principalmente, do aumento do número de cruzeiros vindo da China, de acordo com dados do Ministério das Terras, Infraestrutura, Transporte e Turismo do Japão.

OS TIPOS DE VISTO E SUAS REGRAS

As principais condições necessárias para obter um visto de entrada no Japão, com a finalidade de turismo (visto de curta permanência), são: possuir passaporte válido e garantia do direito de retorno ao país, ter capacidade financeira para arcar com as despesas de viagem, apresentar os documentos conforme lista disponível em nosso site.

Ainda, no caso de turismo nas províncias de Okinawa, Miyagui, Fukushima e Iwate, no entanto, haverá isenção da taxa de visto.

Além disso, o castelo Shuri-jo, em Okinawa, e o Hiraizumi, em Iwate, são considerados patrimônios culturais mundiais da Unesco.

O visto emitido para as finalidades de turismo e trabalho são diferentes, assim como as condições para a sua emissão.
No caso de entrada no país com o visto de curta permanência, será possível a permanência por até 15, 30 ou 90 dias.

Já no caso de vistos que permitem trabalhar, na maioria das vezes, é possível permanecer por até 1 ou 3 anos.

O MERCADO ASIÁTICO
Turistas asiáticos também procuram o Japão em suas viagens, notadamente os viajantes vindos de Taiwan, ca Coréia do Sul e da China, conforme se vê no ranking abaixo, que mostra, no continente Asiático, os principais emissores (em 2014):
1.
Taiwan
2.674.425

2.
Coréia do Sul
2.285.069

3.
China
1.753.572

4.
Hong Kong
886.308

5.
Tailândia
599.690

6.
Malásia
211.898

7.
Singapura
194.092
Fonte: JNTO

 

O TURISMO DE NEGÓCIOS

Em relação ao turismo de negócios, o Japão ocupa a 7ª posição mundial (dados de 2014).

Considerando somente os países da Ásia, Oceania e Oriente Médio, o Japão ocupa a primeira posição.

Entre as principais cidades japonesas, Tóquio está em 1º lugar (80 eventos), seguido de Kyoto (57), Fukuoka (30) e Osaka (23).

Nestes últimos dez anos, este mercado apresentou um crescimento de 28% no Japão, número que tende a aumentar ainda mais com a proximidade das Olimpíadas de Tóquio.

Fonte: JNTO

 

VIAJANTES POR CONTINENTEEntre os mercados mais distantes, o Japão recebeu, em 2014, os seguintes números de turistas, em ordem descrente:

 

Continente
Número de Turistas

1.
Ásia
9.050.505 pessoas

2.
América do Norte
791.820

3.
Europa
691.856

4.
Oceania
293.258

5.
América do Sul
41.404

6.
África
11.377

 

Excluindo os países da Ásia, os países que apresentaram maior número de turistas em 2014 foram:

 

País
Número de Turistas

1.
EUA
611.075 pessoas

2.
Austrália
259.968

3.
Canadá
152.005

4.
Reino Unido
145.047

5.
França
123.003
Fonte: JNTO
Para ilustrar, o número de turistas brasileiros, no mesmo ano, foi de 24.006 pessoas, classificando-se entre os 50 primeiros, embora não saibamos a posição exata.

 

ORIENTE-SE SOBRE TRANSPORTES
No Japão, há várias linhas de trem e ônibus oferecidas por diversas companhias a preços baixos, possibilitando aos turistas a facilidade de locomoção.

Antes da viagem, no entanto, recomenda-se verificar os melhores preços através da homepage de cada companhia, embora haja poucas informações em português.

Algumas informações também podem ser encontradas na página da JNTO.

As estações das grandes metrópoles já possuem facilidade para quem tem dificuldades físicas (“barrier-free”), e há muitas informações disponíveis em inglês.

As cidades menores estão aos poucos se adaptando a esta mobilidade.
OS JAPONESES E A SEGURANÇA

Segundo as estatísticas apresentadas pela JNTO, as viagens de japoneses ao exterior apresentam flutuações, positivas ou negativas, dependendo do país de destino, mas não se observa uma queda brusca.

Por exemplo, o número de visitantes japoneses na França, em 2010, era de aproximadamente 596 mil pessoas; enquanto que, em 2013, esse número correspondeu a cerca de 682 mil pessoas.
Os países mais visitados na Europa pelos japoneses são Alemanha (711 mil, número aproximado de visitantes em 2013), França (682 mil), Suíça (491 mil), Itália (454 mil) e Espanha (374 mil).

 

DICAS E PLANOS (BEM) PESSOAIS

Dependendo da estação do ano, gosto de visitar diferentes localidades.

Na primavera, gosto de apreciar as cerejeiras em Yoshino (Nara) ou no parque Maruyama (Kyoto).

No verão, há festivais de fogos de artifícios em vários lugares.

No autono, vale a pena fazer caminhada nas florestas com folhas de momiji para mergulhar num mundo de folhas coloridas.

Kanazawa e Shirakawa-go no inverno têm paisagem maravilhosa com neve!

Neste mês de junho, época de chuva, vale a pena visitar templos com hortências

Fora do Japão, aproveitando a minha missão internacional, como diplomata, viajo mais pelo país onde estou servindo.

Quando estava em Moçambique, viajava muito pelo sul da África.

Quando estava nos EUA, viajei para muitos lugares no continete norte-americano.

Agora que estou novamente em São Paulo, quero fazer caminhadas (trilhas) nas florestas, pois gosto de sentir a natureza.

A trilha da Pedra Grande, no Parque Estadual da Cantareira, é um bom começo.

Por localizar-se aqui na cidade de São Paulo, é de fácil acesso.

Ouvi dizer que a vista panorâmica é surpreendente!

Outras trilhas que gostaria de conhecer são aquelas localizadas no Parque Estadual da Serra do Mar, espalhadas em diversas cidades do Estado de São Paulo, assim poderei conhecer melhor a vegetação nativa da Mata Atlântica.

Servindo aqui no Brasil, já viajei por várias lugares, de Porto Alegre até Manaus.

São Paulo é um lugar peculiar para os japoneses.

Por ter amizades com descendentes japoneses e por ter assistido desenho-animado e seriados como Ultraman e Jaspion desde a sua infância, os paulistas tem coração (sentimento) próximo aos japoneses.

 

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Presidente da Abav enumera desafios do turismo no país http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/2016/06/03/presidente-da-abav-enumera-desafios-do-turismo-brasileiro/ http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/2016/06/03/presidente-da-abav-enumera-desafios-do-turismo-brasileiro/#respond Fri, 03 Jun 2016 22:40:22 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14245428.jpeg http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/?p=758 Crítico das constantes trocas de titulares realizadas no âmbito do Ministério do Turismo (MTur) e da Embratur, Edmar Bull, o presidente nacional da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav-Nacional), estima que, hoje, a despeito dos problemas do país, a indústria de viagens responda por 3,5% do PIB brasileiro.

Ele iniciou a sua carreira em 1973 –e, entre as suas primeiras atividades profissionais no mercado de viagens e de turismo, ocupou postos de executivo de vendas em empresas como Transeuropa, Promotur e Expansão.

Em 1982, já como empresário, adquiriu participação societária na Copastur e, hoje, é o diretor-presidente de um grupo que inclui as empresas Corporate Travel, G8a e a representação da empresa global ATPI no Brasil.

Como presidente da Abav, entidade que terá a 44ª edição de sua feira realizada entre 28 e e 30 de setembro, no Expo Center Norte, em São Paulo, ele está cumprindo um mandato de dois anos.

Em sua gestão, Bull afirma que o seu foco é presidir a entidade com clareza e que “em tempos de vacas magras e cenários movediços, os desafios crescem.”

Leia a seguir sobre os planos de Edmar Bull à frente da Abav-Nacional e descubra, nesta entrevista a um blogueiro da Folha, o que ele acha necessário fazer para alavancar o turismo brasileiro e torná-lo um vetor de desenvolvimento nacional.

 

Edmar_Bull_ABAV
Edmar Bull, presidente da Abav-Nacional (Foto: Divulgação)

 

O MEGAEVENTO DA ABAV/BRAZTOA

“Com relação à 44ª edição da feira da Abav, que será realizada em conjunto com ao 46º Encontro Comercial da Braztoa, reafirmo que a minha expectativa é que ela sinalize a ocorrência de mudanças no turismo nacional.

O evento da Abav sofre um processo de transformação após uma fase itinerante que em muito contribuiu com o desenvolvimento do turismo lançando e promovendo destinos nacionais.

Isso porque, embora tradicional, o congresso e exposição Abav foi realizado, por muitos anos, no Rio de Janeiro pois, àquela altura, a meta era atrair mais expositores e visitantes estrangeiros.

Depois, mudou-se para São Paulo e, hoje, podemos dizer que a força do evento é impulsionada pelo tema do desenvolvimento tecnológico –e, nesse aspecto, antecipo que a 44ª feira da Abav, realizada de 28 a 30 de setembro, vai surpreender. Aberto das 12h às 20h, o evento terá acesso exclusivo para os profissionais do setor de viagens e turismo.

E, se no ano passado alcançamos a marca de 32.176 profissionais do setor e tivemos 3.121 marcas expositoras, numa feira coberta por 926 profissionais da imprensa e mais de 60 destinos internacionais, arrisco afirmar que vamos superar esses recordes.

Entre os maiores espaços confirmados para a próxima edição da feira da Abav deste ano, está a Vila do Saber – estande em formato de arena dedicado às atividades de capacitação, treinamento e atualização dos agentes de viagens, equipado com avançados recursos audiovisuais.

O espaço da Braztoa, bem no centro da exposição, também será destaque e, entre as novidades que atendem aos diferentes segmentos e nichos de mercado do setor de viagens, destinos, produtos e serviços a serviço do desenvolvimento sustentável do turismo, contaremos com recursos promocionais inovadores.

A CRISE NO PAÍS E O TURISMO

O turismo participa com 3,5% do PIB brasileiro (ou cerca de R$ 182 bilhões), considerando apenas a contribuição direta.

Em 2014, respondeu por 8,8 milhões de empregos diretos e indiretos, segundo dados do Ministério do Turismo (MTur).

No entanto, ainda não foi efetivamente reconhecido como vetor econômico estratégico para o desenvolvimento sustentável. Avançamos, mas ainda falta avançar muito.

Não faz sentido para o Brasil, que é detentor de tanta matéria-prima turística, registrar praticamente a mesma quantidade de visitantes estrangeiros há tanto tempo…

JOGOS OLÍMPICOS PELA PROA

Ampliar o ingresso de investimentos e divisas com a vinda de turistas é um desafio coletivo e que está colocado há décadas para quem compreende o turismo como prioridade.

A natureza confere ao Brasil extraordinários recursos, os brasileiros são considerados o que há de melhor no país, segundo todas as pesquisas de mercado realizadas com estrangeiros que nos visitam todos os anos.

Apesar disso, o Brasil estacionou no patamar de apenas 6 milhões visitas de estrangerios/ano.

Investimentos na melhoria da infraestrutura hoteleira e dos serviços aeroportuários, por exemplo, agregam competitividade, mas é preciso evoluir a percepção das oportunidades e dos ganhos econômicos, sociais e ambientais que a atividade turística propicia.

É preciso vontade política, inclusive ao enfrentar problemas como da zyca e da segurança, presentes também em outros países.

MINISTÉRIO e EMBRATUR

A troca de ministros no Ministério do Turismo (MTur) e dirigentes na Embratur, desde que a pasta foi criada, no início do governo Lula, inviabiliza que gestões técnicas de reconhecida competência executem políticas públicas compatíveis com os desafios que precisam ser enfrentados e vencidos pela iniciativa privada e com o apoio dos órgãos oficiais.

Não há dúvida de que temos muito a aprender com o exemplo norte-americano, por exemplo.

O Brasil é um dos dez mercados internacionais nos quais o Brand USA mantém um programa completo de marketing – campanhas voltadas para o consumidor final, parceiros e setores do trade de turismo.

Somos o quinto maior mercado emissor de turistas para os EUA e o terceiro maior quando consideramos apenas destinos de longa distância, de acordo com o Departamento de Comércio do Escritório Nacional de Viagem e Turismo dos EUA. Sem pesquisa de mercado com números/estatísticas confiáveis, não há como planejar e mensurar resultados com eficácia.

O mercado de viagens corporativas é exemplo de investimentos em sistemas de Business Intelligence, CRMs e ERPs são indispensáveis.

E precisaríamos trabalhar em conjunto a outros países da América do Sul, que exercem um papel relevante para o Brasil, como destinos emissivos de turistas. Trabalhar em conjunto? Sim, a união faz a força!

MELHORAR O TURISMO BRASILEIRO

Existem visitantes que vêm ao Brasil atraídos pelas grandes metrópoles, em busca de negócios, compras, vida noturna, prazeres gastronômicos –e tudo o mais de bom que as nossas grandes cidades oferecem.

Os eventos, que mobilizam os mais diferenciados portes e perfis de público, encontram espaços urbanos e rurais onde são realizados com sucesso no Brasil.

A melhoria do desempenho das atividades turísticas, em todos os segmentos e nichos de mercado, requer, como se sabe, capacitação profissional, com investimentos em treinamento e atualização de recursos, humanos e tecnológicos.

Os governantes precisam enxergar as oportunidades que os Jogos Olímpicos de 2016 propiciam e atuar com profissionalismo para posicionar o Brasil no cenário turístico mundial de maneira mais competitiva.

INFRAESTRUTURA TURÍSTICA NO PAÍS

Evoluímos, mas é preciso mais. O Brasil é um destino de baixo custo para os turistas estrangeiros, no atual cenário cambial.

A avaliação custo/benefício depende do grau das necessidades e expectativas dos viajantes, as quais podem ser atendidas de maneira mais ou menos satisfatória.

O ideal é encantarmos o cliente e é por isso que turistas estrangeiros e, também cada vez mais os brasileiros, aumentam a percepção de valor e procuram recorrer ao conhecimento e à consultoria de uma agência de viagens modernamente posicionada como uma consultoria de viagens, que proporciona atendimento sob medida, personalizado.

Os estudos apontam que mais de 90% dos turistas estrangeiros que visitam o Brasil declaram intenção de voltar.

Confio no futuro do mercado de turismo, que evolui de acordo com a qualidade dos investimentos em capacitação, treinamento e instrumentalização dos atores públicos e privados que apostam no desenvolvimento sustentável do setor, com foco em ganhos de produtividade.

O avanço da economia criativa e colaborativa fortalece a sinergia entre os elos distintos e complementares que compõem a rede de distribuição do setor.

Consolidadores, operadores e OTAs convergem, em última instância, sob o impacto de uma tendência global, estimulada pela pluralidade de destinos, rotas, tarifas, taxas e meios de hospedagem, transportes e das inúmeras opções disponíveis em incontáveis portais, websites, blogs, veículos de comunicação, sistemas de reservas, apps etc.

Ou seja: cada vez mais inflados de informações, os consumidores recorrem ao conhecimento profissional capacitado para atender a demanda turística sob medida, pessoas físicas e jurídicas.

O SETOR NO FUTURO

Cada vez mais especializado, capacitado, treinado e instrumentalizado, é assim que vejo o agente de viagens no futuro.

Estabelecemos, em nosso planejamento estratégico, o objetivo de alcançar em dois anos 50 metas para a entidade, que foram distribuídas com base em três pilares estratégicos: Gestão Participativa, Abav Profissional e Agente Empreendedor.

Já temos 16 metas definidas e as 34 restantes serão construídas com a participação das 27 Abavs regionais. No bojo desta empreitada, está o fortalecimento da imagem da entidade e geração de maiores resultados para os agentes de viagens associados em todo o Brasil.

Lançamos, recentemente, um portal dedicado ao Instituto de Capacitação e Certificação da Abav-Nacional, o ICCABAV, cumprindo mais uma etapa do plano de ações da nossa diretoria de Tecnologia e Integração, que vem trabalhando diretamente em oito projetos prioritários.

Também lançamos o “Projeto Menos é Muito Mais”, que busca estimular a gestão simples, prática e objetiva para facilitar e agilizar decisões internas. Isso passa pela redução ou eliminação de processos repetitivos que possam ser concentrados e unificados na rotina tanto da ABAV-Nacional quanto das ABAVs estaduais e do Distrito Federal.

O desenvolvimento de um sistema digital dedicado ao ICCABAV trouxe uma solução eficiente para a composição, apresentação e viabilização da agenda de cursos, que até então demandava imenso esforço, tempo e custos desnecessários no alinhamento das diferentes pontas envolvidas no processo – os profissionais interessados nos cursos, as secretarias das Abavs, os instrutores, e a coordenação da Abav-Nacional na organização da logística envolvida.

EXCELÊNCIA EM QUALQUER PLATAFORMA

Tenho manifestado, de forma reiterada, a importância do novo agenciamento de viagens em um cenário cada vez mais conectado online – fornecedores e consumidores estão ao alcance de um clique.

O novo agente de viagens é muito mais que um intermediário – é um consultor que ouve, analisa, levanta prós e contras, filtra e opina, com base no seu conhecimento profissional.

Existem muitas ‘pegadinhas’ nos balcões virtuais que se proliferam na web que só a experiência e o conhecimento detectam.

Por isso, o Sistema Abav, capilarizado em todo território nacional, tem investido o máximo em qualificação, treinamento e disseminação das melhores práticas.

O turismo brasileiro precisa (e vai!) crescer – e para isto temos de fazer a nossa parte compromissados com a excelência na prestação de serviços.

O PAPEL DOS CRUZEIROS

Os cruzeiros marítimos contribuem com a inclusão dos destinos nacionais nas rotas e na mídia global, alcançando os milhões de turistas apaixonados pela navegação.

Infelizmente, com a crise econômica, muitos navios deixaram o Brasil –e foram em busca de destinos, na Ásia por exemplo, também devido as elevadíssimas taxas e obrigações burocráticas, além da carência de infraestrutura portuária.

PREFERÊNCIAS PESSOAIS

No exterior, meú destino preferido é a França. Paris e arredores, Bordeaux e a região da Côte D’Azur reúnem inúmeros pontos turísticos e excelente gastronomia.

No Brasil, Ponta dos Ganchos (SC) e Gramado (RS) são duas entre outras opções de destinos que me cativam.

Minha próxima viagem, no entanto, será para Nova Orleans, nos EUA, onde, ainda neste mês, acontecerá a feira de turismo IPW, que antes se chamava Pow Wow.”

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Turismólogo analisa mercado de viagens entre Brasil e Portugal http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/2016/05/31/turismologo-analisa-mercado-de-viagens-entre-brasil-e-portugal/ http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/2016/05/31/turismologo-analisa-mercado-de-viagens-entre-brasil-e-portugal/#respond Tue, 31 May 2016 18:57:03 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14245428.jpeg http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/?p=747
“O Brasil lidera, no continente americano, em número de turistas enviados a Portugal, mas fica em 5° no ranking geral, atrás do Reino Unido, da Alemanha, da Espanha e da França”, afirma o turismólogo Paulo Machado. E, curiosamente, para ele “o grande concorrente de Portugal, quando se trata de atrair turistas, não é nenhum país da Europa e, sim, os Estados Unidos da América.”
Hoje na iniciativa privada, Machado fez carreira junto ao Turismo de Portugal/Aicep por 28 anos, a partir de 1986, e e foi diretor desse órgão oficial de fomento de viagens àquele país por seis anos.

Entre outras atividades ligadas à indústria de viagens, esse filho de imigrantes portugueses da região de Trás-os-Montes nascido em São Paulo foi o presidente da Comissão Europeia de Turismo (CET) na América Latina.

Sempre atuante junto à colônia lusitana –ele, atualmente, é vice-presidente da Casa de Portugal– trabalhou inicialmente em programas televisivos como “Caravela da Saudade”, na TV Tupi, e “Todos Cantam a Sua Terra”, que foi ao ar nas TVs Record, Gazeta e Bandeirantes.

Publicitário por formação, Paulo Machado organizou ainda eventos como a Feira Internacional de Lisboa (FIL)/Expo Portugueses d’Além Mar e, hoje, diz ter perdido as contas de quantas viagens fez a Portugal: “mais de uma centena”, afirma.

Leia a seguir os principais trechos de sua entrevista  a este blog da Folha:

PM 4
Paulo Machado, especialista no mercado de viagens entre o Brasil e Portugal (Foto Divulgação)

BRASILEIROS EM PORTUGAL

“Sem dúvida que os laços históricos e culturais são importantes para colocar Portugal no princípio da lista de desejos de viagens da maioria dos brasileiros e, nisso, o idioma também é decisivo.

Qualquer organismo de promoção turística oficial que investir em comunicação terá sucesso em sua missão de promover e vender o seu destino e, no caso específico de Portugal, tenho com muita pena constatado que o destino desapareceu dos grandes veículos de comunicação.

A administração brasileira das linhas aereas portuguesas TAP, por muitos anos presidida pelo brasileiro Fernando Pinto, sem dúvida também foi decisiva para dinamizar as viagens entre o Brasil e Portugal.

A TAP tem atualmente 67 voos mensais ligando os dois países e opera a partir de várias cidades brasileiras.

Além disso, possui uma ampla malha a partir de Lisboa e voa para toda a Europa.

QUEM VAI E QUEM (MAIS) GASTA?

Tradicionalmente, o Reino Unido, a Alemanha e a Espanha são os mais importantes mercados emissores de turistas para Portugal.

É importante ressaltar, no entanto, o turista com o maior dispêndio médio em Portugal é o brasileiro, que gasta quase o dobro da média internacional.

Naturalmente, essa média de gastos de viajantes brasileiros por lá deve cair em face da crise enconômica por aqui, mas, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), o ranking de pernoites segundo nacionalidades dos turistas que visitaram Portugal entre janeiro de março de 2016 foi o seguinte:

1. Reino Unido – 1.231.000 pernoites

2. Alemanha – 249.000 pernoites

3. Espanha – 679.000 pernoites

4. França 419.000 – pernoites

5. Brasil –  246.000 pernoites

E é de se notar nesses números do INE que os primeiros três países emissores de viajantes ao território português ficam na Europa.

OS EUA COMO CONCORRENTES

Trabalhando hoje na operadora Lusanova, quando avalio os questionários dos nossos passageiros que visitam Portugal em nossos circuitos, ou quando temos retornos por intermédio da nossa página no Facebook, Portugal continua conquistando os turistas não só pela sua excelente e moderna  estrutura turística, mas também pela sua hospitalidade, pela gastronomia, pela natureza, pela forma como preserva o seu patrimônio arquitetônico e pela manutenção das suas tradições.

O já mencionado Instituto Nacional de Estatísticas (INE) tem por critério medir o número de pernoites que os turistas realizaram em Portugal e, de acordo com as estatísticas, em 2014, foram 42.507.000 de pernoites, contra 47.450.000 de pernoites no ano passado.

De todo modo, considero que, no Brasil, o maior concorrente para o destino Portugal não está na Europa: são os Estados Unidos da América!

Sempre que a promoção turística de um destino se afirme numa parceria público-privada, como no caso da organização Brand USA, criada no primeiro governo Obama com instrumentos sérios de fiscalização, haverá uma receita de sucesso.

O que se vê atualmente é que o Estado muitas vezes deixou de ter a competência, a seriedade e a honestidade para gerir a promoção do seu território como destino turístico, cabendo também ao setor privado a missão de intervir, decidir e de co-participar na promoção e até na venda do seu destino turístico como um todo.

PARCERIA COM A ESPANHA

No meu modo de ver, uma parceria entre Portugal e Espanha, séria, sem bairrismos, aproveitando-se os diferenciais que cada país tem a oferecer aos mais variados segmentos da demanda internacional, seria uma maneira de ter resultados muito positivos para a oferta de ambos.

Julgo que são ofertas complementares e não concorrentes.

PAÍS DIMINUTO, GRANDES ATRAÇÕES

Portugal não tem uma grande extensão territorial e, por isso, não tem a necessidade de grandes infraestruturas aeroportuárias.

Mas, entre as suas portas de entrada por via aerea, caba destacar os aeroportos de Lisboa, de Oporto, do Funchal (na Ilha da Madeira) e o de Faro (no Algarve).

Quando me perguntam o que mais atrai em Portugalm se as grandes ou pequenas cidades, a boa mesa ou a história, costumo dizer que, além desses motivos, turismo religioso, no caso de Portugal –e especialmente para o Brasil– também é um importante segmento.

São muitos os brasileiros que visitam Fátima, independentemente da sua religião ou crença, e essa importância será ainda mais potencializada em 2017, quando se celebra os 100 anos das aparições de Nossa Senhora em Fátima.

SEGURANÇA E PREFERÊNCIAS PESSOAIS

Portugal tem uma excelente imagem como país seguro e pacífico. E, em momentos de insegurança em outros destinos, o país acaba levando vantagem, pois é um dos países mais citados ou lembrados quando o quesito segurança é ponderado.

Em Portugal, quando de férias, não posso deixar de passar pelo menos uma semana em Miranda do Douro, terra natal dos meus pais.

Já fora de Portugal, não troco cidade nenhuma por São Paulo, cidade onde nasci, onde vivo, é uma metrópole apaixonante.

Profissionalmente, tenho investido muito em viagens pelo interior do Estado de São Paulo onde, pelo menos uma semana por mês, me dedico a visitar agentes de viagens, e em desenvolver o projeto “Café da Manhã by Lusanova”, que possibilita um contato mais estreito com os profissionais do turismo.

Em Dezembro, de férias para descansar, só para variar, vou mesmo para Portugal!

No Brasil, gosto muito da Serra Gaúcha.

O mundo do turismo é um setor apaixonante e é muito comum ouvir das pessoas que atuam no setor, de que trabalhar nessa indústria sem chaminés é um vírus incurável.

Muitas pessoas me perguntam o que eu teria feito de diferente na minha vida profissional. E respondo que dediquei muito da minha vida profissional a fazer um trabalho insitucional para um país fabuloso, que é Portugal –e que tenho, agora, a oportunidade de continuar no mesmo setor, fazendo um trabalho igualmente fabuloso.”

 

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Entrevista com Martucci, especialista italiano em marketing e turismo http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/2016/05/26/entrevista-com-martucci-especialista-italiano-em-marketing-e-turismo/ http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/2016/05/26/entrevista-com-martucci-especialista-italiano-em-marketing-e-turismo/#respond Thu, 26 May 2016 19:05:51 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14245428.jpeg http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/?p=733 Crítico do que considera uma fragilidade dos números na indústria global de viagens, o turismólogo italiano Luca Martucci trabalhou na Alitalia por 20 anos, de 1986 a 2006, cuidando dos interesses dessa empresa aerea em países tão díspares como a Itália, a Tunísia, a Holanda, a Arábia Saudita, o Kuait, o Irã e o Paquistão.

No Brasil, Martucci dirigiu a companhia de bandeira italiana entre 1996 e 2002, tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro. O executivo, que hoje se ocupa da empresa Concept Marketing e mora no Rio, também trabalhou para a Alitalia em diversas regiões da Itália e ainda na Inglaterra e na Noruega.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista concedida por ele à Folha, onde estão registrados dados sobre a indústria do turismo na Itália e em todo mundo, a ferrenha competição entre os principais países que recebem viajantes estrangeiros e os problemas relativos à segurança e ao terrorismo na Europa.

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O turismólogo italiano Luca Martucci, da Concept Marketing (Foto Arquivo Pessoal)

 

ESTRATÉGIAS E O IMBRÓGLIO DOS NÚMEROS

“As estatísticas no turismo são uma grande dor de cabeça no mundo inteiro –e, na Itália, isso não é muito diferente.

Confesso que nunca fui apaixonado por números, mas tenho o maior respeito por eles e pela importância que as estatísticas corretas e confiáveis têm no desenvolvimento da indústria global do turismo.

E costumo citar a famosa frase de W. Edwards Deming, “In God we trust, all others must bring data” [algo como “em Deus nós confiamos, todos os outros devem trazer dados”].

Falando do exemplo italiano, existem duas fontes principais de dados e elas seguem métodos diferentes: o Istat [o instituto nacional de estatísticas italiano] e a Banca d ‘Itália, que, aliás, fornece também os valores dos gastos de estrangeiros no país.

Os dados do Istat são repassados para UNWTO, que é o órgão vinculado às Nações Unidas que se dedica às estatísticas e aos dados relacionados ao turismo mundial.

Segundo o Istat, em 2014 –os dados de 2015 ainda não estão disponíveis–, a Itália recebeu 762.845 turistas brasileiros e eles teriam gerado 1.878.526 pernoites, com uma permanência média de apenas 2,5 noites por pessoa, coisa difícil de acreditar.

Já a Banca d’ Italia, de acordo com seus números de 2014, estima-se em cerca de 526.000 os brasileiros que visitaram o país. Eles teriam gerado 4,9 milhões de pernoites, o que vale dizer que, em média, tiveram uma permanência de 7,8 noites, número que me parece mais razoável.

Os dados da Banca d ‘Italia registram que 607 mil brasileiros foram a Itália em 2015, com um incremento de 6% em relação ao ano anterior. Para eles, haveria uma leve diminuição das permanências, mas, por outro lado, teria acontecido um aumento de gastos da mesma ordem em comparção aos dados de 2014.

As notícias aqui no Brasil falam de uma sensível queda dos gastos para viagens no exterior, mas, segundo os dados da Banca d’Italia, nos primeiros dois meses do 2016 teria havido um pequeno incremento nas despesas de brasileiros que foram à Itália neste ano…

Interessante reparar como, apesar da crise, o turista brasileiro se destaca como “big spender”, ou seja, gasta significativamente em suas viagens.

No entanto, a bíblia dos números do turismo, a referência, é a já mencionada UNWTO.

Tenho o maior respeito e uma grande admiração pelo marketing da França, mas os números deveriam sempre ser comparados a outros fatores, como a oferta de voos ou a capacidade hoteleira, para serem coerentes.

A França, por exemplo, tem uma oferta de 600 mil quartos em hotéis; a Itália tem mais de um milhão de quartos; já os EUA têm uma capacidade de 4 milhões de quartos de hotel.

Se a Itália adotasse como oficiais os dados da Banca d’Itália, ao invés dos números divulgados pelo Istat, em 2015, os turistas estrangeiros na Itália teriam sido cerca de 81 milhões, ou quase tantos quantos a França declara –e bem mais do que a Espanha divulga.

VIAJANTES BRASILEIROS NO EXTERIOR

Falando do mercado brasileiro “outbound”, ou da ida de turistas do Brasil a países estrangeiros, seria interessante fazer todas as verificações possíveis para ter dados acurados, até porque muitos viajam ao exterior de avião.

Com certeza, entre os turistas brasileiros que se destinam à Europa, a França e a Itália disputam o primeiro lugar e, depois, aparecem a Espanha e Portugal, que disputam o terceiro lugar nesse ranking.

Em termos globais, a Itália vai continuar disputando com França e Espanha a preferência de quem viaja para a Europa, onde turistas de todo o mundo procuram mais o lado cultural e as belezas paisagísticas.

Por outro lado, os EUA também atraem oferecendo shopping e diversão, têm parques temáticos etc.

Se os brasileiros integrassem o programa norte-americano Visa Waiver, onde cidadãos de determinados países são dispensados de vistos, atrairia um número ainda maior de turistas daqui [participantes do chamado Espaço Schengen, diversos países da Europa não exigem visto de entrada do viajante que tem passaporte do Brasil].

De uma maneira geral, a região sul da Europa está perdendo mercado entre os turistas brasileiros quando comparada a países do norte e do oeste do Velho Continente, que, por outro lado, não estão poupando esforços de marketing dos respectivos destinos.

A chegada ao Brasil dos voos de companhias como Emirates, Ethiad ou Turkish tem aberto novos horizontes para o turismo –e destinos que antes eram praticamente desconhecidos, estão crescendo nas preferências dos brasileiros, embora sejam pouco expressivos em termo de quantidade.

Mas voltando ao caso dos EUA, o modelo público-privado do Brand USA é um exemplo a ser seguido, pois é certo que, no marketing de destinos, é importante que a cada dolar (ou euro) gasto pelo público coresponda a igual quantia por parte dos empreendedores privados da indústria do turismo.

DESEMPENHO TURÍSTICO DA ITÁLIA

A Itália é um dos países mais lindos do mundo e, além das belezas naturais e paisagísticas, da história, da grande presença de obras de arte e bens culturais, tem, segundo a Unesco, mais locais tombados.

O território italiano oferece uma variedade tão grande de lugares a serem visitados que é até dificil decidir onde ficar.

Temos um clima ótimo e uma geografia única: as montanhas, os mares que cercam… Em toda a sua extensão territorial, as colinas e são próximas e acessíveis.

E temos a moda, o design, a gastronomia, os vinhos, além daquilo que eu chamo de um “estado de espírito”, um estilo inconfundível, um apreço pela “dolce vita”!

Todo mundo reconhece esses predicados como um dos principais valores da Itália, junto com nossa simpatia.

Mas é preciso lembrar, entretanto, que 40 anos atrás, a Itália era o país mais visitado no mundo –e que desde então vem perdendo posições nesse ranking.

Isso ocorreu porque a Itália nunca teve a preocupação de investir no turismo como uma indústria e o Enit, ente oficial de fomento das viagens ao país, carece de maior presença e efetividade nos mercados que enviam turistas.

As coisas estão mudando nesse último governo, que está focando mais no turismo receptivo e tem mudado a natureza jurídica do Enit, hoje um ente público, mas de direito privado, que no entanto precisaria de mais gerenciamento e recursos.

Por outro lado, as regiões italianas têm autonomia em matéria de promoção turística –e isso tem gerado um pouco de confusão, conquanto cada uma delas age por sua conta.

Em outubro, a Itália fará um referendo e uma das propostas de reforma consitucional é reverter essa situação e dar ao governo central –e ao Enit– o poder de decisão e os recursos necessários para promover o destino de forma única.

As regiões mais importantes, como a Toscana, o Vêneto e a Emília Romagna, têm prestado mais atenção ao mercado brasileiro nos últimos anos, mas ainda falta a consciência de quanto é importante se comunicar em português e focar na capacitação do trade para implementar iniciativas como, aliás, a outros concorrentes vêm fazendo há tempo.

MARCOS REGIONAIS

Quando me pergunta se Roma ou Milão, onde estão os maiores aeroportos, são os principais destinos procurados na Itália, lembro que a outras portas de entradas de passageiros de avião muito movimentados.

Esse é o caso de Bergamo, graças à forte presença das empresas aereas “low cost”, de Veneza, de Bolonha e de Catânia, na Sicília.

Em termos de destinos mais visitados, o ranking passa por Roma, Veneza, Florença e depois Milão.

Se formos falar de regiões, temos o Vêneto, a Lombardia, a Toscana e o Lácio e o Trentino –a primeira e última,  assim como Emlia Romagna, contam com grandes fluxos de visitantes por conta da proximidade com a Alemanha, a Áustria, e a Suíça.

Para os turistas brasileiros as regiões são as mesmas primeiras quatro que perfazem mais do 80% do total.

A IMIGRAÇÃO É ALIADA?
O fato de ter havido um enorme imigração para países como Brasil, EUA e Argentina sem dúvida ajuda.

A presença nesses países de descendentes de italianos dá à Itália uma relativa vantagem na promoção de seu turismo.

Mas é preciso considerar também que, aqui no Brasil, apesar da população que tem origem italiana ser a maior entre tantas, o processo de integração foi mais forte do que na Argentina, por exemplo, onde o peso da comunidade italiana é bem maior, pois a comunidade ficou mais fechada.

O DNA dos brasileiros tem um forte componente italiano, no idioma, na comida, nos costumes, mas é preciso lembrar que, até 20 anos atrás, quando ainda viviam os filhos das primeiras ou das segundas gerações, era mais frequente a existência de grupos de ítalo-brasileiros indo para a Itália, inclusive em voos especialmente fretados, ou “charter”; e, nesse tempo, existiam inclusive agências de viagens especializadas no segmento “étnico”, que por sinal haviam começado como agências marítimas.

Hoje isso não existe mais, essas empresas evoluíriam e viraram agências de viagens completas.

A (DELICADA) QUESTÃO DA SEGURANÇA

Segurança e medo de ataques estão, sim, de certa forma, atrapalhando o desempenho do turismo italiano, principalmente em relação ao mercado norte-americano.

O Jubileu, uma celebração que teve início no Vaticano em 13 de março e que, por um ano, conta com a participação de distintas igrejas e históricas igrejas cristãs –e que é extraordinário– também parece refletir essa preocupação –e os resultados de a adesão do público estão bem abaixo das expectativas iniciais.

Por outro, lado vale a pena ressaltar que muitas vezes os destinos levam vantagem quando confrontados como uma situação dificil enfrentada por seus competidores.

Agora, em 2015, os fluxos de viajantes para o sul da Itália, nas localidades de mar e praia, têm se beneficiado da  crise do norte da África do norte e de outros países do Oriente Médio.

A indústria do turismo é, com certeza, uma das que mais continuarão a crescer no mundo e os destinos mais atentos e preparados sabem que o turismo é um do setores econômicos que mais podem contribuir para o desenvolvimento.

PREFERÊNCIAS PESSOAIS AO VIAJAR

Difícil dizer…  Amo a Toscana, porque é onde cresci [Martucci é natural da cidade de Pisa], e a considero a região mais completa da Itália.

Também gosto muito do sul italiano, principalmente da Púglia, terra dos meus pais.

E considero Veneza e Capri duas maravilhas –e fico emocionado todas as vezes que volto lá.

Algo que também me faz muita falta é esquiar, uma grande paixão, seja nas montahas Dolomites ou nos Alpes.

Quando você mora há muito tempo fora do seu país, como eu, a sua meta regular de viagens é visitar a família e os amigos.

Infelizmente, não sobram muitas oportunidades e tempo para conhecer outros destinos, mas aprecio lugares exóticos e a viagem mais bonita que já fiz foi para os parques do Quênia.
Em setembro vou para a Itália, mas sonho em conhecer quanto a Nova Zelândia e, possivelmente, viajar num motorhome.

No Brasil, costumo dizer que o arquipélago de Fernando de Noronha é o lugar mais bonito a ser visitado, mas a verdade é que ainda não fui aos Lençóis Maranhenses.

E, depois do Rio, tenho um carinho especial pela Bahia, que recomendo sempre aos amigos “gringos” como o Estado que conserva a verdadeira alma deste país.”

 

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Placas registram memórias em Londres e em Roma http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/2016/05/23/placas-registram-memorias-em-londres-e-em-roma/ http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/2016/05/23/placas-registram-memorias-em-londres-e-em-roma/#respond Mon, 23 May 2016 22:12:30 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14245428.jpeg http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/?p=722 Registrando fatos alegres ou tristes, as placas com informações históricas humanizam as cidades –e, não por acaso, Londres e Roma, cada uma a seu modo, se valem desse importante expediente civilizatório.

E, curiosamente, enquanto o programa de placas azuis (“blue plaques”) completa 150 anos na capital do Reino Unido, na capital da Itália, há plaquetas de metal que registram o dia amargo em que os judeus romanos foram arrancados de suas casas pelas tropas nazistas e que remetem à um fato muito triste, ocorrido 73 anos atrás.

Em Londres, as placas azuis com letras brancas registram o período em que personagens notáveis habitaram determinado prédio e, pregadas, nas fachadas, preservam a memória de uma metrópole cosmopolita que a tantos deu abrigo e até exílio.

Já em Roma, as discretas plaquetas cimentadas na soleira de entrada de alguns prédios são discretas, quase fúnebres, mas igualmente importantes.

Elas aludem a um momento de luto na história da capital italiana que, registrado também em uma grande placa instalada ao lado do museu judaico, dá conta de que, no dia 16 de outubro de 1943, 1259 judeus romanos foram detidos apenas no bairro do Trastevere (eram eles 689 mulheres, 363 homens e 207 crianças).

O terror, para os cidadãos que moravam no Ghetto romano, teve início às 5h30 da manhã num sábado, dia sagrado para os judeus.

Poucas horas depois, às 14h, a tropa da SS comandada pelo tenente-coronel alemão Herbert Kappler já havia covardemente concluído todas as prisões.

Apenas 16 desses habitantes do Ghetto voltaram vivos de Auschwitz: quinze homens e uma mulher, Settima Spizzichino, que viveu até o ano 2000 para narrar o horror de uma das páginas mais infames da Humanidade.

Nenhuma criança sobreviveu.

Placa azul registra local relacionado ao líder britânico Winston Churchill
Placa azul registra local relacionado ao líder britânico Winston Churchill

AS FESTIVAS PLACAS DE LONDRES

Facilmente identificados por sua forma ovalada, com fundo azul e letras brancas, os sinais londrinos são parte de um dos mais significativos projetos sistemáticos de preservação da memória dos viventes.

Na capital do Reino Unido, as 900 placas azuis que contam um pouco da história da estada em Londres de inúmeras personalidades de todo o mundo –de escritores e filósofos a políticos, de atletas a personalidades das artes, passando por espiões de guerra e cientistas– encantam o visitante.

E assim, caminhando pela metrópole, é possível descobrir que o escritor Ian Flemming, que deu vida ao personagem James Bond, morou em determinado lugar.

Já o autor de Peter Pan, James Matthew Barrie, que viveu em várias casas ao redor dos jardins de Kensington, é lembrado por um desses sinais em Bayswater, num prédio algo moderno que dista alguns passos do portão ao norte desse parque, o Lancaster Gate.

A lista dos personagens homenageados com a placa azul londrina teve início com Napoleão 3º, cuja placa, ainda original, foi colada na parede de sua casa, em Baker Street, em 1897.

Entre os escritores e pensadores do grupo literário de Bloomsbury, descobre-se que a romancista Virginia Woolf viveu em 29 Fitzroy Square, num local em que diversos escritores se reuniam.

Não muito distante, o caminhante atento vai achar, por exemplo, as casas em que moraram o pintor e poeta Dante Gabriel Rosetti e o cientista Charles Darwin.

Já a placa do escritor Charles Dickens fica na 48 Doughty Street, no bairro de Holborn.

AS TRISTES PLAQUETAS DE ROMA

Em Roma, quem visita hoje o simpático bairro de Trastevere, também conhecido como Ghetto, próximo de uma curva do rio Tibre, nota que há restaurantes típicos, caso do Da Giggetto e do judaico Piperno, açougues “kosher” e padarias que fazem o chalá, o pão trançado típico dos judeus.

Autêntico e relativamente pouco explorado, longe das hordas de turistas, o bairro tem ainda locais agradáveis como a Piazza Farnese, ruas com pouco trânsito e um singelo centro de informações turísticas.

Hoje, quem visita o Trastevere, se diverte ao se deparar com sobrenomes que, familiares, também podem ser encontrados entre brasileiros de origem italiana, tais como Funaro, Di Castro, Di Porto, Fiorentini, Della Rocca, Del Vecchio, Finzi, Gentili, Milano, Milani, Greco, Mieli etc.

Mas a história da deportação dos judeus romanos, ocorrida em 1943, é sombria –e, registrada em placas artesanais, precisa ser lembrada para que nunca mais se repita.

Descerrada em 25 de outubro de 1963, ao lado do museu judaico, uma grande placa de mámore faz o visitante pensar –e entristece.

No Ghetto de Roma, placa de mármore conta a história da deportação dos judeus do bairro em 1943
No Ghetto de Roma, placa de mármore conta a história da deportação dos judeus do bairro em 1943

 

Aqui teve início a caça aos 2091 cidadãos judeus romanos que foram sequestrados e mortos nos campos de extermínios nazistas, vítimas do infame ódio de raça, revela a placa, que registra ainda que “os poucos que escaparam, invocam a Deus o perdão e a esperança.”

JUDEUS E (MUITO) ROMANOS

Há quem afirme que é impossível ir a Roma e não visitar uma igreja e, aliás, no antigo Ghetto, a despeito da influência judaica ancestral, além da basílica de Santa Maria in Trastevere, há outros seis templos católicos.

Roma é, afinal, a metrópole que encerra o Estado do Vaticano, que tem no papa o seu morador mais ilustre.

E, não muito longe do Vaticano, a centenária Sinagoga Romana, próxima do rio Tibre e marcando um dos limites do Trastevere, até parece um teatro de ópera –e não destoa da paisagem.

A presença dos judeus em Roma é milenar e a primeira notícia dessa comunidade, que veio originalmente da Judéia, data do ano 161 a.C.

Nos anos seguintes, mais judeus vindos de Alexandria e das ilhas gregas foram morar em Roma e, também, em algumas regiões do sul da Itália.

O Trastevere foi o primeiro bairro ocupado por eles, fazendo com que a comunidade judaica de Roma se tornasse conhecida como uma das mais antigas do Ocidente.

Em meados dos anos 1500, quando se formou o Ghetto de Veneza, abrigando primeiramente os judeus sefaraditas que escapavam da Inquisição na Península Ibérica, o Trastevere também foi totalmente fechado por muros quando o papa Paulo 4° revogou os direitos dos judeus romanos.

O confinamento dos judeus no Ghetto de Roma foi finalmente abolido em 1870; coube a um oficial judeu-italiano nascido no Piemonte a honra de comandar a bateria de canhões que abriu uma brecha na muralha que cercava esse bairro que, implacável, tem muitas histórias tristes e outras muito alegres para contar.

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Entrevista com Pérol, diretor do turismo francês http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/2016/05/18/entrevista-com-perol-diretor-do-turismo-frances/ http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/2016/05/18/entrevista-com-perol-diretor-do-turismo-frances/#respond Wed, 18 May 2016 20:09:37 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14245428.jpeg http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/?p=713

A França é, no mundo, o país que mais recebe turistas estrangeiros e Jean-Phillippe Pérol, diretor do órgão oficial de fomento turístico Atout France/Maison de la France (http://france.fr), é um profissional reconhecido internacionalmente por sua atuação em prol desse sucesso.

Pérol ocupou o cargo de diretor-geral na sede da organização, em Paris, e, depois dos atentados terroristas nos EUA, foi estrategicamente enviado para Nova York, onde assumiu a diretoria da Atout France para as Américas.

Embora trabalhando no turismo oficial da França desde 1988, ele elegeu, afinal, a cidade de São Paulo para morar e, ao todo, o expert em turismo já morou no Brasil por 25 anos –sua mudança mais recente data de 2010.

Ele também foi diretor para as Américas da Atout France na Alemanha e na Polônia e tem no currículo atividades empresariais ligadas à indústria de viagens como dono da Safári Turismo de Manaus, na década de 1980; executivo da Air France; e diretor-geral da pioneira operadora multinacional Wagons Lits no Brasil e na França.

Leia a seguir trechos da entrevista exclusiva que Pérol concedeu à Folha falando do sucesso francês no turismo receptivo global, de problemas como os atentados terroristas e das lições que o Brasil poderia aproveitar.

Jean-Phillippe Pérol, diretor da Atout France
Jean-Phillippe Pérol, diretor da Atout France (crédito: Foto Arquivo Pessoal)

 O SEGREDO FRANCÊS

“A França é tradicionalmente o país que mais recebe turistas estrangeiros em todo o mundo e as razões são a excepcional mistura de belezas naturais e de heranças culturais que carregam valores que o mundo inteiro reconhece.

Vem depois as infra estruturas e os equipamentos publicos. Enfim não se pode esquecer a geografia que colocou a França perto de alguns dos maiores mercados emissores do mundo: Alemanha, Inglaterra, Itália, Holanda e Belgica.

O segredo é essa multiciplicade de forças que permita ter uma oferta completa: patrimônio, cultura, negócios, lazeres, praias, esqui, gastronomia, eventos, e até paraísos tropicais. A Franca é sem dúvida, junto com os EUA, o pas que tem o leque de opções mais completo em seu turismo.

O SUCESSO EM NÚMEROS

Em 2015, foram 85 milhões os turistas estrangeiros que visitaram a França, sendo os ingleses e os alemães os mais numerosos, seguidos pelos belgas, holandeses e italianos.

Em receitas, porém, os três mais importantes são os ingleses, os norte-americanos e os alemães.

De acordo com números consolidados que mostram o movimento global de turistas, a França recebeu 83,7 milhões de viajantes estrangeiros; depois vieram os EUA com quase 70 milhões; a seguir a Espanha, com cerca de 65 milhões; e, depois, a Itália, visitada por 48,6 milhões de turistas internacionais.

China e Turquia também mostraram grande crescimento e, em 2014, estima-se que tenham, respectivamente, recebido em torno de 67 milhões e 37,8 milhões de viajantes estrangeiros.

De todo modo, as grandes tendências do últimos anos são a subida dos EUA, que acontece mais vigorosamente desde o início da era Obama. Esse país já é o segundo no mundo em número de passageiros que para lá se destinam e, o que é impressionante, estão em primeiro disparados em no quesito receitas advindas da indústria do turismo.

Outra força, já mencionada, é a China –que, supostamente, pode até chegar em primeiro nesse ranking em 2020, ainda que o critério da contagem do número de visitantes estrangeiros feito por eles inclua cidadãos vindos de Hong Kong e de Macau como turistas internacionais.

OS EUA E A ESTRATÉGIA DOS CONCORRENTES

Quando me perguntam qual seria para a Atout France o grande “concorrente” no futuro, respondo que, especialmente no Brasil, os EUA são o maior concorrente.

É um país que tem uma oferta muito completa e diversificada, infrestruturas excepcionais, e que também tem uma imagem muito forte e que carrega valores universalmente reconhecidos.

Com a criação do Brand USA, na primeira gestão de Barack Obama, com seu modelo público-privado, os EUA passaram a ter um modelo de parceria que é muito parecido com o sistema que era adotado pela Maison de la France em 1987.

Sem dúvida, eles têm agora uma dinâmica promocional muito forte do seu turismo –e trabalham com recursos como só eles são capazes de reunir.

DESAFIOS PARA O FUTURO

Para continuar na liderança do turismo receptivo internacional, a França enfrenta agora vários desafios e concorrências.

O primeiro é renovar o seu parque hoteleiro e suas infraestruturas, especialmente fora dos grandes centros, inclusive aprimorando o serviço e atendendo às novas demandas dos consumidores.

O segundo é continuar a melhorar a sua imagem, guardando o fabuloso acervo dos seus valores – e até dos clichês – mas também renovando essa imagem.

É preciso mostrar que a cultura francesa está muito viva, é atual e, ao mesmo tempo, é preciso integrar as novas tendências.

Daria três exemplos –entre mil possíveis: a cultura porque o turistas vão à França procurando museus e monumentos, mas a França também tem um calendário de eventos, de exposicões e de shows tão grande que é comparável –ou até maior– aos de Londres e até aos de Nova York.

As compras, porque se pode comprar de tudo em Paris, não somente as grandes grifes de alta costura ou de perfumaria, mas eu diria que todas as coisas que os brasileiros vão comprar em Miami ou Nova York, de street wear a computadores e até roupas de bebê, também estão à venda na capital da França.

Isso para não falar dos vinhos, não somente dos grands crus caríssimos, mas também dos vinhos mais accessíveis, aqueles que devem em primeiro lugar acompanhar momentos de alegria e de descontração com amigos.

A nossa comunicação, quando falamos de promoção de turismo, tem que mostrar que somos atuais, acessíveis, e acolhedores. E somos!

 MUITO ALÉM DE PARIS

Além de Paris, a França mostra sua vocação turística em Nice, Lourdes, Bordeaux, Marselha, Vale de Loire, Normandia, Champagne, País Basco, Alsácia.

Nossa meta hoje é, claramente, aumentar o número de visitantes nos grandes destinos turísticos, que são as ‘marcas’ que queremos valorizar.

Isso inclui as regiões ultramarinas como o Taiti, a Martinica, Guadalupe e até a Guiana –um território ultramarino da França que, aliás, faz fronteira com o Brasil.

Hoje, somente 15% dos brasileiros pernoitam nas regiões francesas e, por isso, queremos que o crescimento seja muito mais forte nos próximos anos.

O QUE ATRAI TURISTAS?

Se me questionam o que mais atrai visitantes à França, se é a cultura, a gastronomia, o enoturismo, as grandes ou pequenas cidades, eu respondo que 53% dos brasileiros estão bastante interessados em arte e em cultura.

Em seguida, vêm o turismo urbano –incluindo as compras e as descobertas pelas cidades–, e ainda a visita às atrações turísticas, que representam 52% da atratividade da França.

Por fim, de acordo com as pesquisas da Atout France, estão as belas paisagens e a natureza (46%), os patrimônios históricos e monumentos (41%) e a gastronomia (28%).

Comparada a outros destinos europeus, a França ainda é considerada um destino caro, mas, na realidade, as diárias de hotéis, por exemplo, são em média mais baratas que em outros países e cidades da Europa, caso de Londres e de Roma, principalmente quando se sai de Paris.

MERCADOS DISTANTES E NOVOS

O mercado asiático apresenta um crescimento forte no turismo francês, com grande participação, principalmente, dos chineses, que representam atualmente 1,7 milhões de turistas por ano na França –e deverá passar dos dois milhões até 2020.

Além da China, a Índia e o Sudeste Asiático também são regiões cujo número de turistas com destino à França vem crescendo nos últimos anos.

Já a presença dos japoneses diminuiu quase 40% nos últimos 20 anos, chegando a 600 mil turistas/ano atualmente.

Apesar da retração de cerca de 25% no ano passado devido à desvalorização do iene frente ao euro, e aos atentados terroristas, a França continua sendo o primeiro destino dos japoneses na Europa –e os números já apresentam uma certa recuperação.

O TURISTA BRASILEIRO

A França continua sendo o primeiro destino dos brasileiros na Europa.

Em 2015, 600 mil brasileiros visitaram a França e isso quer dizer mais da metade dos turistas vindos da América Latina.

E assim, apesar de um leve recuo de menos 9% em 2015 e de menos 5% estimados em 2016, a tendência estrutural é de crescimento.

Nosso objetivo é alcançar a marca de 1,5 milhão de brasileiros fazendo turismo na França em 2025.

A (DELICADA) QUESTÃO DA SEGURANÇA

Não se pode negar que o terrorismo é um probelma sério e que os ataques terroristas em Paris tiveram uma repercussão no turismo francês e que esses fatos lamentáveis atrapalham nosso desempenho.

No entanto, os brasileiros não foram a nacionalidade mais atingida pelo medo de nos visitar.

Houve um recuo estimado em 10% nos meses seguintes, mas já se nota uma recuperação.

Desde então, foram tomadas medidas convincentes e efetivas de segurança pública por parte das autoridades francesas com o objetivo de limitar o impacto negativo dos atentados frente aos turistas.

E continuamos em vigilância total.

MÍDIA ONLINE E BLOG PESSOAL

Na Atout France damos uma importância muito grande às novas mídias. Concentramos a maioria dos nossos investimentos na mídia online, sendo a mídia profissional a única exceção nas mídias tradicionais.

Um grande exemplo de nosso desejo de estarmos cada vez mais presentes nas novas mídias é a nossa página no Facebook, que já ultrapassou os 600 mil fãs no Brasil –50% do total mundial fora da China.

Damos uma grande importância aos bancos de dados e ao contato com esse público, que é privilegiado por nós.

Também promovemos nossos destinos por meio de sete ‘newsletters’ mensais, enviadas a mais de 2 milhões de seguidores. O mesmo acontece com os nossos maiores parceiros, caso do Taiti, que tem duas newsletters mensais e duas páginas no Facebook, uma português e outra em espanhol.

A vontade de acompanhar os profissionais e/ou os viajantes mais interessados pela França me levou a lançar um blog,  “Le blog do Pérol ” (http://leblogdoperol.com).

Foi, na verdade, no início, uma idéia da minha esposa Caroline – e depois dos meus colegas – para dispor de uma plataforma de expressão onde eu poderia dividir minhas experiências e minhas opiniões sobre o turismo francês, dar algumas dicas, mas também destacar ideias sobre as evoluções do turismo internacional, o futuro dos circuitos de distribuições ou as novas tendências de produtos ou de destinos.

O blog também tem uma página no Facebook, que leva mesmo nome, chegando a quase 45.000 fãs, o que me deixa feliz e me faz supor que a minha fórmula está sendo aprovada.

O MERCADO E A INTERNET

Não podemos apenas ficar nos circuitos tradicionais, menos de 25% dos passageiros passam por esse tipo de circuito.

Acredito que, no futuro, os intermediários só conseguirão se sustentar se oferecerem algum valor agregado ao serviço proposto.

Por essa razão é fundamental que tenhamos uma presença multicanal e que trabalhemos tanto com uma plataforma, um receptivo, como também como canal de venda direta, oferecendo conhecimento sobre o nosso produto, para que eles possam criar esse valor agregado.

PREFERÊNCIAS E REFERÊNCIAS

Gosto de visitar lugares ‘où souffle l’Esprit’, ou seja, de destinos que misturam grandes belezas naturais e profundos conteúdos culturais e históricos.

Fora da França, vibro com Veneza, Istambul, Andaluzia e Síria. Adoro o México, a Ilha de Páscoa e a cidade de Jerusalém, mas o meus destinos preferidos são os peruanos Cuzco e Machu Pichu.

Já fui para lá cinco vezes, sendo a última para conhecer a trilha do Caminho Inca, uma experiência fabulosa.

Sou fascinado tanto pela beleza do local –os picos e os vales dessa região do Peru, onde nascem os rios amazônicos, quanto pelas obras impressionantes deixadas pelos incas e pelos seus colonizadores espanhóis.

AS PRÓXIMAS VIAGENS?

Logo vou para Lyon, a trabalho.

No Brasil, entre dos meus destinos favoritos, estão, é claro, Salvador, Rio de Janeiro e Foz do Iguaçu.

Mas, o meu destino predileto mesmo é a Amazônia, com o Festival de Parintins, a pescaria nos afluentes do rio Madeira ou no rio Negro, os passeios ecológicos nas Anavilhanas ou nas praias de areia branca do próprio rio Negro!”

 

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No ar, o salame nosso de cada dia http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/2016/05/11/no-ar-o-salame-nosso-de-cada-dia/ http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/2016/05/11/no-ar-o-salame-nosso-de-cada-dia/#respond Wed, 11 May 2016 19:13:24 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14245428.jpeg http://silviocioffi.blogfolha.uol.com.br/?p=699 Nesse apagar das luzes do governo Dilma, a ainda ministra da Agricultura Kátia Abreu (PMDB) encontrou tempo para assinar uma instrução normativa que autoriza viajantes e tripulantes a entrarem no Brasil com produtos alimentícios de origem animal.

E, a julgar pelo peso da franquia, está mandando um recado claro para os passageiros que o fizerem: apreciem sem moderação!

Baixada nessa terça-feira (10), a liberação vale para salames, queijos, doces de leite e outros produtos que podem agora vir na bagagem em quantidade bastante relevante: 10 kg por pessoa para os chamados produtos cárneos industrializados, e, para os lácteos, derivados de ovos, pescados e doces, o limite é de 5 kg por pessoa.

Luís Rangel, secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, esclareceu que, até que a instrução normativa fosse tomada, “faltava regulamentação” para que, em suas viagens aereas, os turistas brasileiros pudessem incluir um farnel cárneo e lácteo ou um singelo botim de bacalhau em sua lista de compras internacionais.

Para um governo que definha, a medida soa quase que como um ingrediente de um pacote de bondades, afinal, quem não gosta de um piquenique chique?

De todo modo, não vale abraçar apressadamente um pernil “in natura”, pois, conforme explica Rangel, os produtos ora liberados devem estar acondicionados em sua embalagem original, ter um rótulo que possibilite indentificá-los e tudo o mais.

No caso dos produtos cárneos, além de industrializados, eles devem se destinar ao consumo humano, de modo que nada de trazer ração chique para o totó e nem para o bichano, muito menos de incluir um sirloin steak ou um kobe beef na mala.

É hora, no entanto, de aproveitar a liberalidade do governo federal brasileiro para comprar um bom salame milanês (viva a Itália!) ou um dos ótimos embutidos alemães.

A farra, que vale também para determinados alimentos lácteos, democratiza a vinda do doce de leite (viva a Argentina!), do creme de leite e dos queijos de longa maturação (“vive la France!”).

Já os produtos que levam ovos, devem ter como ingrediente o ovo em pó ou ovo líquido pasteurizado, ou ainda a clara desidratada.

Os pescados também não escapam das especificações sanitárias, por isso, não ouse colocar peixe fresco na mala. Para serem liberados na alfândega, os pescados devem ser salgados inteiros ou esviscerados dessecados (viva Portugal!) ou esterilizados comercialmente (viva o arenque em conserva da Noruega!).

REVIRAVOLTA

O curioso dessa medida que libera o trânsito desses alimentos estrangeiros para consumo no Brasil é que ela representa uma reviravolta de 180 graus em relação à operação “Mala Legal”, de cinco anos atrás, quando o mesmo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento distribuia folhetos nos aeroportos reforçando a proibição de se trazer justamente queijos, carnes e pescados, entre outras iguarias.

À época, as orientações elaboradas pelo Sistema de Vigilância Agropecuária (Vigiagro), órgão do ministério, diziam que proibir a vinda desses produtos na bagagem dos passageiros “evitava a entrada de pragas e doenças que poderiam colocar em risco a agropecuária nacional e a saúde dos brasileiros.”

A pergunta que está no ar: mudamos nós ou mudaram os salames?

 

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