Menos brasileiros foram aos EUA em 2015, mas gastos aumentaram

Por Silvio Cioffi

Depois de mais de uma década de crescimento ininterrupto no número de turistas que foram aos EUA, a atual crise fez com que os brasileiros fossem em menor número ao território norte-americano.

Mas, em compensação, seus gastos nessas viagens aumentaram.

No geral, o Brasil perdeu duas posições nesse ranking de visitantes em 2015, utrapassado pela China e pela Alemanha, e fechou o ano passado com o envio de 2,22 milhões de viajantes aos EUA (-2 % em relação à 2014).

Por outro lado, os brasileiros gastaram em compras e em turismo cerca de US$ 13,6 bilhões dólares, ou seja 1% a mais do que no ano anterior (2014), segundo estatísticas do Departamento de Comércio norte-americano.

Os dados foram divulgados em Nova Orleans durante o evento IPW16, que termina nesta quarta (22) –e reúne representantes do setor de turismo norte-americano em 1.380 estandes, visitados por 1.700 compradores internacionais e participantes de mais de 70 países.

Analisando os números divulgados hoje no evento, Luiz De Moura Jr., diretor da IPW para a América Latina, conclui que os brasileiros seguem em segundo lugar em gastos per capita em suas viagens aos EUA.

Assim, exceptuando o turismo de fronteira, que coloca o Canadá e o México respectivamente em primeiro e em segundo lugares entre os países que mais enviam visitantes aos EUA em 2015, o Brasil ocupa agora a quinta posição nesse ranking (veja tabela abaixo), atrás do Reino Unido (+18%), do Japão (+4%), da China (+18%) e da Alemanha (+10%).

“Quando dividimos o número de turistas pelo total de gastos, verificamos que os brasileiros desembolsaram, per capita, no ano passado, cerca de US$ 6.126”, afirma Luiz Moura.

Fazendo a mesma conta, o economista mostra que, se de um lado os turistas chineses gastaram US$ 10.386 por pessoa nos EUA em 2015, por outro os japoneses deixaram US$ 4.414 per capita e os britânicos, US$ 2.574.

Curiosamente, um dos destinos mais procurados por brasileiros em território norte-americano, a cidade de Nova York, por exemplo, até teve um incremento de visitação quando comparados os anos de 2015 e de 2014.

De acordo com estimativa do mesmo Departamento de Comércio dos EUA e do órgão de fomento NY&Co, que representa Nova York, houve um aumento de visitação proveniente do Brasil que foi de 926.000 turistas, em 2014, para 948.000, no ano passado.

Isso significa que, excluindo-se Canadá e México, o Brasil é, atras do Reino Unido, o segundo país que mais envia turistas para a maior metrópole norte-americana, uma posição na frente da China, cujo crescimento é, no entanto, consistente em qualquer estatística sobre a indústria do turismo nos EUA.

 

Roger Dow, presidente e CEO da U.S. Travel Association, corta a faixa inaugural do IPW16 (foto – Divulgação)

ROGER DOW

Presidente e CEO da U.S. Travel Association of America, Roger Dow mostrou no IPW16 que as duas maiores preocupações das lideranças da indústria de turismo no país são as de manter a segurança nas cidades norte-americanas e de garantir a velocidade na concessão de vistos.

Falando do ataque recente que vitimou 49 pessoas na boate gay Pulse, em Orlando, ele afirmou que “agora, infelizmente, existem coisas assustadoras acontecendo no mundo que nos faz pensar duas vezes acerca das coisas que estamos fazendo, incluindo aí as decisões sobre viajar. Entretanto, na minha opinião, os EUA devem continuar abertos e conectados com o mundo”, disse Dow.

Outros números importantes divulgados durante o evento dão conta de que, no geral, os 75 milhões de visitantes internacionais gastaram em turismo cerca de US$ 133 bilhões nos EUA em 2015.

No geral, sempre de acordo com dados divulgados no IPW16, a indústria de viagens nos EUA emprega, diretamente, 8,1 milhões de pessoas.

O turismo e as viagens representam estimados 2,7% do PIB dos EUA.

IPW16/IPW17

Anteriormente conhecido como Pow Wow, o IPW é um evento anual da U.S. Travel Association, organização que, presidida por Roger Dow, congrega toda a indústria do turismo norte-americano –incluídos aí grupos hoteleiros, companhias aéreas, locadoras de automóveis, empresas de cruzeiros marítimos, museus, megaparques temáticos como Disney e Universal, operadores de turismo, atrações e, também, órgãos oficiais de fomento turístico (os CV&Bs).

Desde o inicio da primeira gestão Obama, a organização público-privada Brand USA colabora na organização do IPW, que, no ano que vem, será realizado em Washington (DC).

OS “TOP FIVE”

OS PRINCIPAIS MERCADOS DO TURISMO AMERICANO EM NÚMERO DE VISITANTES (2015/2014)
(dados excluem Canada e Mexico)
1. Reino Unido – 4,90 milhões de turistas (+18%)
2. Japão – 3,76 milhões (+4%)
3. China – 2,59 milhões (+18%)
4. Alemanha – 2,27 milhões (+10%)
5. Brasil – 2,22 milhões (-2%)

EM NÚMEROS ABSOLUTOS, OS PAÍSES QUE MAIS DEIXARAM DIVISAS EM VIAGENS AO EUA (2015/2014)
(dados excluem Canadá e México)
1. China – US$ 26,0 bilhões (+12%)
2. Japão – US$ 16,6 bilhões (-6%)
3. Brasil – US$ 13,6 bilhões (+1%)
4. Reino Unido – US$ 12,6 bilhões (-7%)
5. Índia – US$ 10,6 bilhões (+8%)
Fonte: Departamento de Comércio dos EUA e IPW16