Entre outras atividades ligadas à indústria de viagens, esse filho de imigrantes portugueses da região de Trás-os-Montes nascido em São Paulo foi o presidente da Comissão Europeia de Turismo (CET) na América Latina.
Sempre atuante junto à colônia lusitana –ele, atualmente, é vice-presidente da Casa de Portugal– trabalhou inicialmente em programas televisivos como “Caravela da Saudade”, na TV Tupi, e “Todos Cantam a Sua Terra”, que foi ao ar nas TVs Record, Gazeta e Bandeirantes.
Publicitário por formação, Paulo Machado organizou ainda eventos como a Feira Internacional de Lisboa (FIL)/Expo Portugueses d’Além Mar e, hoje, diz ter perdido as contas de quantas viagens fez a Portugal: “mais de uma centena”, afirma.
Leia a seguir os principais trechos de sua entrevista a este blog da Folha:
BRASILEIROS EM PORTUGAL
“Sem dúvida que os laços históricos e culturais são importantes para colocar Portugal no princípio da lista de desejos de viagens da maioria dos brasileiros e, nisso, o idioma também é decisivo.
Qualquer organismo de promoção turística oficial que investir em comunicação terá sucesso em sua missão de promover e vender o seu destino e, no caso específico de Portugal, tenho com muita pena constatado que o destino desapareceu dos grandes veículos de comunicação.
A administração brasileira das linhas aereas portuguesas TAP, por muitos anos presidida pelo brasileiro Fernando Pinto, sem dúvida também foi decisiva para dinamizar as viagens entre o Brasil e Portugal.
A TAP tem atualmente 67 voos mensais ligando os dois países e opera a partir de várias cidades brasileiras.
Além disso, possui uma ampla malha a partir de Lisboa e voa para toda a Europa.
QUEM VAI E QUEM (MAIS) GASTA?
Tradicionalmente, o Reino Unido, a Alemanha e a Espanha são os mais importantes mercados emissores de turistas para Portugal.
É importante ressaltar, no entanto, o turista com o maior dispêndio médio em Portugal é o brasileiro, que gasta quase o dobro da média internacional.
Naturalmente, essa média de gastos de viajantes brasileiros por lá deve cair em face da crise enconômica por aqui, mas, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), o ranking de pernoites segundo nacionalidades dos turistas que visitaram Portugal entre janeiro de março de 2016 foi o seguinte:
1. Reino Unido – 1.231.000 pernoites
2. Alemanha – 249.000 pernoites
3. Espanha – 679.000 pernoites
4. França 419.000 – pernoites
5. Brasil – 246.000 pernoites
E é de se notar nesses números do INE que os primeiros três países emissores de viajantes ao território português ficam na Europa.
OS EUA COMO CONCORRENTES
Trabalhando hoje na operadora Lusanova, quando avalio os questionários dos nossos passageiros que visitam Portugal em nossos circuitos, ou quando temos retornos por intermédio da nossa página no Facebook, Portugal continua conquistando os turistas não só pela sua excelente e moderna estrutura turística, mas também pela sua hospitalidade, pela gastronomia, pela natureza, pela forma como preserva o seu patrimônio arquitetônico e pela manutenção das suas tradições.
O já mencionado Instituto Nacional de Estatísticas (INE) tem por critério medir o número de pernoites que os turistas realizaram em Portugal e, de acordo com as estatísticas, em 2014, foram 42.507.000 de pernoites, contra 47.450.000 de pernoites no ano passado.
De todo modo, considero que, no Brasil, o maior concorrente para o destino Portugal não está na Europa: são os Estados Unidos da América!
Sempre que a promoção turística de um destino se afirme numa parceria público-privada, como no caso da organização Brand USA, criada no primeiro governo Obama com instrumentos sérios de fiscalização, haverá uma receita de sucesso.
O que se vê atualmente é que o Estado muitas vezes deixou de ter a competência, a seriedade e a honestidade para gerir a promoção do seu território como destino turístico, cabendo também ao setor privado a missão de intervir, decidir e de co-participar na promoção e até na venda do seu destino turístico como um todo.
PARCERIA COM A ESPANHA
No meu modo de ver, uma parceria entre Portugal e Espanha, séria, sem bairrismos, aproveitando-se os diferenciais que cada país tem a oferecer aos mais variados segmentos da demanda internacional, seria uma maneira de ter resultados muito positivos para a oferta de ambos.
Julgo que são ofertas complementares e não concorrentes.
PAÍS DIMINUTO, GRANDES ATRAÇÕES
Portugal não tem uma grande extensão territorial e, por isso, não tem a necessidade de grandes infraestruturas aeroportuárias.
Mas, entre as suas portas de entrada por via aerea, caba destacar os aeroportos de Lisboa, de Oporto, do Funchal (na Ilha da Madeira) e o de Faro (no Algarve).
Quando me perguntam o que mais atrai em Portugalm se as grandes ou pequenas cidades, a boa mesa ou a história, costumo dizer que, além desses motivos, turismo religioso, no caso de Portugal –e especialmente para o Brasil– também é um importante segmento.
São muitos os brasileiros que visitam Fátima, independentemente da sua religião ou crença, e essa importância será ainda mais potencializada em 2017, quando se celebra os 100 anos das aparições de Nossa Senhora em Fátima.
SEGURANÇA E PREFERÊNCIAS PESSOAIS
Portugal tem uma excelente imagem como país seguro e pacífico. E, em momentos de insegurança em outros destinos, o país acaba levando vantagem, pois é um dos países mais citados ou lembrados quando o quesito segurança é ponderado.
Em Portugal, quando de férias, não posso deixar de passar pelo menos uma semana em Miranda do Douro, terra natal dos meus pais.
Já fora de Portugal, não troco cidade nenhuma por São Paulo, cidade onde nasci, onde vivo, é uma metrópole apaixonante.
Profissionalmente, tenho investido muito em viagens pelo interior do Estado de São Paulo onde, pelo menos uma semana por mês, me dedico a visitar agentes de viagens, e em desenvolver o projeto “Café da Manhã by Lusanova”, que possibilita um contato mais estreito com os profissionais do turismo.
Em Dezembro, de férias para descansar, só para variar, vou mesmo para Portugal!
No Brasil, gosto muito da Serra Gaúcha.
O mundo do turismo é um setor apaixonante e é muito comum ouvir das pessoas que atuam no setor, de que trabalhar nessa indústria sem chaminés é um vírus incurável.
Muitas pessoas me perguntam o que eu teria feito de diferente na minha vida profissional. E respondo que dediquei muito da minha vida profissional a fazer um trabalho insitucional para um país fabuloso, que é Portugal –e que tenho, agora, a oportunidade de continuar no mesmo setor, fazendo um trabalho igualmente fabuloso.”