Como que para mostrar que não é apenas um rostinho bonito –e enternecido– nesses dias anticlimáticos de governo Dilma, Alessandro Teixeira, o recém-empossado ministro do Turismo, falou de seus planos numa entrevista chapa-branca à Agência de Notícias do Turísmo (ANT).
Concedida na quarta (27), a cem dias do início dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, essa entrevista tratou de temas até que pouco arestosos, tais como o revezamento da tocha para a projeção do Brasil lá fora, o surto do vírus da zika por aqui e a importância do turismo como uma alternativa para retomar o desenvolvimento da economia.
Vale a pena reproduzir trechos, pois, diante do andamento do processo de impeachment da presidente da República, é bem possível que Teixeira se torne uma espécie de titular “Usain Bolt” no Ministério do Turismo (MTur).
A primeira pergunta da entrevista da ANT é sobre o quão preparado está o Brasil para receber a Olimpíada e a Paraolimpíada.
A resposta? “Os governos federal, estadual e municipal do Rio de Janeiro têm se esforçado para organizar um evento memorável. Posso afirmar tranquilamente que o Brasil realizará um dos melhores jogos olímpicos de todos os tempos pela experiência acumulada em diversos eventos com públicos distintos. Estou falando da Rio+20, Jornada Mundial da Juventude, primeiro contato com o grande público do papa Francisco, Copa do Mundo e a Fórmula 1, sendo as últimas duas edições das provas de automobilismo consideradas as mais bem organizadas de todo o campeonato numa eleição entre pilotos e equipes, um público altamente exigente”, garante ele.
Horas tantas, o entrevistador da ANT, que não sabemos quem é, pergunta o que Brasil tem feito para promover o megaevento, atrair mais turistas internacionais, estimular o turismo doméstico e otimizar o ganho do país com os jogos nesse contexto de recessão econômica que o país vive?
A resposta do ministro (recém-“empoçado”?):
” Os megaeventos têm sido o principal mote da participação do Brasil nas maiores feiras de turismo do mundo e outros eventos internacionais desde 2015. O então ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, participou de uma intensa agenda internacional com ações de relações públicas sempre com o objetivo de convidar agentes e operadores de viagem, autoridades e o público final para participar da Olimpíada e Paralimpíada 2016. O tema foi tratado em missões oficiais para os EUA, Croácia, Itália, Polônia e Rússia, Londres, Espanha, Portugal e França”, afirmou.
“Além disso, temos investido no relacionamento com a imprensa internacional para convidar o mundo a participar da Olimpíada e Paralimpíada 2016, por meio da mídia espontânea.”
A pergunta que ficou no ar: será que essa promoção/peregrinação do antecessor de Teixeira teve importância efetiva e será capaz de trazer turistas estrangeiros em número significativo durante os Jogos no Rio?
Em relação a isso, Teixeira, que parece hábil em ocupar espaços, foi taxativo (e numeral) nessa entrevista “oficial” divulgada como um press-release da Presidência da República:
“O Brasil deve receber até 500 mil turistas estrangeiros no período dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. É importante ressaltar que, para além da atração de turistas internacionais, os megaeventos expõem o Brasil para o mercado mundial. As competições acabam, mas o ganho de imagem permanece. Temos de lembrar que teremos, de acordo com o Comitê Olímpico Internacional, 25 mil profissionais de mídia projetando imagens do Brasil para todo o mundo.”
Vê-se que otimismo é um atributo que não falta ao ministro Alessandro Teixeira, apesar da xepa em que se transformou o governo Dilma.
E de “imagem”, convenhamos, o novo titular do MTur, também deve entender, como prova a mega-exposição e o quiprocó que as fotos de sua posse, ao lado da mulher Milena Santos, causaram na mídia nacional e internacional e, também, nas redes sociais.
MAIS EMPREGOS?
Na mesma quarta (27), surgiram rumores de que o atualíssimo ministro do Turismo Alessandro Teixeira teria empregado uma tia de sua mulher como secretária na Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), órgão do governo federal que foi presidido por ele próprio até bem recentemente.
O salário? Delfina Alzira da Silva Gutierrez, tia de Milena Santos, a mulher do ministro, percebia, segundo se diz, R$ 19.488,60 mensais.
A denúncia é grave, mais grave do que a suposta falta de bom gosto e decoro das fotos que Milena Santos, ex-Miss Bum Bum USA, publicou ao se autoproclar “a primeira-dama do Ministério do Turismo” durante a posse do marido.
Teixeira, é voz corrente, é homem de confiança da presidente Dilma, em cujo governo, para usar uma expressão corrente no interior paulista, quando se puxa uma pena, vem uma galinha!