Vivendo do turismo e para o turismo, a cidade de Roma, que tem cerca de 2,8 milhões de habitantes, recebe quase 7 milhões de visitantes/ano.
E, não por acaso, preocupada com a preservação de seu artesanato de alta qualidade, está protegendo as pequenas e tradicionais oficinas de joalheiros.
Além dessas oficinas de jóias, também está na programação da Câmara de Comércio da capital italiana promover ateliês que fazem restauração de obras de arte como esculturas e pinturas, confecionam sapatos sob medida ou chapéus, as pequenas fábricas de lustres, de vitrais, etc.
Assim, para zelar pela perenidade desses trabalhos que existem por lá desde que Roma é Roma, aliás uma “Cidade Eterna” de 2.700 anos, alguns dos seus melhores mestres artesãos estão sendo divulgados pelo Progetto Ere (www.progettoere.it).
Na mira desse projeto estão um total de 28 ateliês romanos –veja alguns dos principais e seus endereços no final desse blog-.
Uma dica preciosa é, uma vez em Roma, procure incluir alguns desses joalheiros ou artesãos no seu roteiro, nem que seja para conhecer o que há de excelência em trabalhos artesanais bem típicos de Roma.
À frente dessa iniciativa, Erino Colombi, presidente do IRFI (Istituto Romano per la Formazione Imprenditoriale), órgão ligado à Câmara de Comércio de Roma, justifica a necessidade de proteger esses joalheiros e artesãos explicando que grandes cidades européias, como Roma, vivem um momento em que a globalização acelerada.
Entre os joalheiros romanos que recomendados e divulgados no Progetto Ere, e cujos ateliês vale a pena visitar, estão Riccardo Alfonsi, Fausto Maria Franchi, Roberto e Claudio Franchi, Corrado Sacchi, Cristina Perali, Maria Greca, Roberta Roselli, Glauco Cambi, Patrizia Corvaglia.
Outro grande artista dedicado a peças grandes de decoração, Marco Riccardi também foi incluído entre os 28 artistas romanos pela excelência dos seus trabalhos em bronze –e faz e restaura lustres, esculturas, carrilhões, mesas metálias e outras peças decorativas.
A reportagem da Folha esteve em todos esses ateliês e conversou com os joalheiros e os artesãos para conhecer e admirar os seus trabalhos.
Confira o perfil de alguns deles:
ALFONSI
O joalheiro Riccardo Alfonsi trabalha com do pai Vittorio na Alfonsi Gioielli.
A oficina é familiar, mas Vittorio, de personalidade afável e cativante, tem enorme experiência e ajudou a fazer a fama de joias de marcas como Bulgari, quando essas também eram produzidas artesanalmente.
Aos 78, Vittorio, o pai, é joalheiro desde os 15 anos de idade.
Ele vivia no bairro Campi dei Fiori quando passou a trabalhar para o joalheiro Giuseppe Panni, que tinha clientes nobres.
Atrás das duas bancadas do ateliê dos Alfonsi, um diploma da República Italiana assinado pelo ex-presidente Francesco Cosiga, em 1987, atesta que, graças ao seu trabalho criando joias, ele virou “cavallieri”, uma grande honraria na Itália.
FAUSTO MARIA FRANCHI
Fausto Maria Franchi trabalha ao lado de seu filho Enrico.
Ela faz pequenas esculturas de prata em estilo moderno, além de joias.
Desde o início, em 1962, a Bottega Franchi optou por peças arrojadas e seu titular fez mostras em locais como a Galeria Nacional de Arte Moderna e Contemporânea e em cidades como Nova York e Munique.
IRMÃOS FRANCHI
Roberto e Claudio Franchi trabalham num ateliê familiar que abriu as portas em 1886 e integram a quarta geração de uma família de de mestres artesãos. No dia da visita da Folha, havia uma alcachofra decorativa, de prata, para restaurar.
A peça faz parte da decoração da Sinagoga de Roma, onde, aliás, as alcachofras fritas (à judia) são uma especialidade da gastronomia local.
VINCENZO PIOVANO E FILHAS
O escultor Vincenzo Piovano dirige um ateliê que restaurade arte antiga na Via dell’Orso.
Seu ateliê é uma espécie de oficina de Gepetto, o personagem, na história de Pinóquio, deu vida ao boneco de madeira.
No “laboratório de arte” de Piovano, há de tudo: anjos de terracota, mesas e estátuas de madeira douradas, pregados nas paredes, partes de uma maquete de Roma, livros e mais livros.
Nascido nos arredores de Roma, ele lembra que decidiu aprender o ofício quando, aos cinco anos de idade, a sua mãe lhe contou que a imagem que ele via carregada numa procissão era feita de madeira!
CORRADO SACCHI
Corrado Sacchi herdou o ateliê em 1978 e faz pequenas joias trabalhos figurativos que rementem a cípulas vaticanas e miniaturas de monumentos romanos.
Mas também tem na sua coleção peças florais que utilizam até brilhantes e lápis-lazuli na sua montagem.
CRISTINA PERALI
Depois de herdar a relojoaria do pai em 1970, Cristina Perali se notablizou por criar peças contemporâneas que juntam os metais e pedras preciosos com madeira, por exemplo.
O design das joias é, definitivamente, arrojado..
MARIA GRECA
Ultracontemporâneo, o ateliê Maria Greca usa couros exóticos, coral e fibra de carbono em joias, além de materiais como titânio, fibra de carbono e até couro. As criações também incluem caixas com detalhes magnéticos e objetos pouco usuais que são encomendados por marcas como Boucheron.
ROBERTA ROSELLI
Roberta Roselli é dona da Argentia, ateliê de joias que fundou em 2002. Suas jóias são muitas vezes inspiradas em formas naturais e a artista romana executa trabalhos com base na técnica da cera perdida, e combinando metais com pedras preciosas e semipreciosas.
GLAUCO CAMBI
O artista é escultor e joalheiro e diz ser ‘contemporâneo e renascentista’. Seu trabalho é pouco usual e muito decorativo, abusando de materiais como o bronze platinado, o cobre, o ouro e o titânio. Suas criações podem ser intrigantes caixinhas, painéis de metal para pendurar na parde e até relógios e anéis de formas arrojadas.
MARCO RICCARDI
Um artista que declara fazer objetos de decoração “para a vida toda”, Marco Riccardi dirige uma minifábrica muito sofisticada que cria peças de decoração, como mesas e lustres metálicos.
O negócio foi iniciado pelo pai dele há 60 anos. Por lá, há carrilhões chiques –e é tudo feito a mão por uma equipe de soldadores e restauradores.
Confira destaques da lista de artesãos romanos que são recomendados pelo Progetto Ere, da Câmara de Comércio de Roma:
1. Joias:
Riccardo Alfonsi
Via Vittoria, 80, no centro histórico
Argenteria di Roberta Roselli
Via Urbana, 32, em Rione Monti
Glauco Cambi
Via Plauto, 10/A, em Borgo Pio
Patrizia Corvaglia
Via Dei Banchi Nuovi, 45, no centro histórico
Fabrizio di Cori
Via Alessandro Flemming, 17, em Artena
Vincenzo Farella
Via di Santa Chiara, 62/63, no centro histórico
www.vincenzofarellacreazioni.it
Franchi argentieri dal 1886
Via Tor di Nona, 60, no centro histórico
Bottega Franchi di Enrico Franchi
Via di Ripetta, 156, no centro histórico
Gentileschi Creazioni Gioielli
Via Baccina, 38 B/C, em Rione Monti
Cristiana Perali
Via dei Banchi Vecchi, 60, no centro histórico
Corrado Sacchi
Via della Palombella, 39/40, no centro histórico
Cillabijoux
Via Francesco Crispi, 72/74, no centro histórico
Maria Greca
Via Dei Quattro Cantoni, 39/A, em Rione Monti
2. Vitrais, marmoaria e esculturas:
Vetrate d’Arte Giuliani (vitrais artísticos)
Via Garibaldi, 55A, em Trastevere
3. Restauro de obras de arte:
Pavia Restauro (pinturas clássicas e modernas)
Via Margutta, 54, no centro histórico
Vincenzo Piovano e figlie (esculturas e douração)
Via dell’Orso, 26, no centro histórico
(sem endereço na internet)
Marco Ricciardi bronzista (grandes lustres e carrilhões)
Borgo Vittorio, 28/29, em Borgo Pio