Dólar em viés de baixa X viagens aos EUA

Por Silvio Cioffi

Em todo o mundo, muitos dos dados mais confiáveis com números de visitação internacional e as tendências do setor são disponibilizados para o grande público e para os jornalistas em grandes eventos que a indústria do turismo organiza: esse é o caso do IPW/Pow Wow, nos EUA; do ITB de Berlim; do Congresso da Abav, no Brasil; da Fitur de Madri; da BTL ou Bolsa de Turismo de Lisboa; do World Travel Market (WTM) em Londres; da Borsa Italiana del Turismo/BIT de Milão, entre outros.

Com características próprias, cada um desses eventos tem o escopo de mostrar novidades em produtos turísticos e de fomentar as viagens de longa distância, reunindo, além de operadores e agentes de viagens, jornalistas e representantes das empresas hoteleiras, aéreas, de navegação, locadoras de autos, empresas de tours (ou de turismo receptivo), museus, parques temáticos e ainda, os CV&Bs –ou “conventions and visitors bureaus”, que são os centros oficiais que promovem cidades, Estados e regiões dos mais diversos países.

Em sua 48ª edição neste ano, realizada anualmente nos EUA e organizada pela U.S. Travel Association com apoio da organização público-privada Brand USA, o IPW (sigla de International Pow Wow) acontecerá em Nova Orleans, no Estado da Louisiania, entre 18 e 26 de junho, compreendidos aí o evento propriamente dito e as viagens de familiarização.

O IPW, a grande feira do turismo nos EUA, é ferramenta essencial para quem quer entender as tendências do turismo norte-americano e mundial. Além dos encontros pré-agendados entre “suppliers” (ou fornecedores norte-americanos) e “buyers” (os compradores internacionais) de mais de 70 países, esse evento profissional, que a cada ano acontece numa cidade diferente dos EUA, divulga números confiáveis de visitação que ajudam na formulação de estratégias e políticas do setor.

Entre nós, desde os anos 1990, tendencialmente, os destinos mais procurados por viajantes brasileiros nos EUA têm sido a Flórida (Miami e Orlando), a cidade de Nova York e o Estado da Califórnia (Los Angeles e San Francisco).

No ano passado, o IPW aconteceu em Orlando e mostrou, com dados estatísticos oficiais do Departamento de Comércio dos EUA, que o Brasil perderia para a China, ao longo de 2015, o quinto posto entre os países que mais enviam turistas para os EUA (veja quadro abaixo).

O avanço da cotação do dólar –e a consequente desvalorização do real–, somado ao agravamento da crise da economia brasileira, fez, no entanto, com que o número de turistas brasileiros nos EUA crescesse apenas 4% em 2015.

Antes disso e por uma década, o número de visitantes brasileiros que se destinaram ao território norte-americano cresceu quase 22% ao ano. Ou seja, enquanto o câmbio real/dólar favoreceu, o número de brasileiros por lá saltou de 480 mil pessoas, em 2005, para 2,2 milhões, em 2014 (+498%).

Outro dado emblemático, de 2014, divulgado pela NTTO (National Travel and Tourism Organization), mostra que, no total, a indústria do turismo foi responsável por uma fatia de 2,8% do PIB dos EUA e que, no ano em questão, o país faturou US$ 1,3 trilhão e, em postos de trabalho diretos, empregou oito milhões de pessoas.

 

15156429
Editoria de Arte/Folhapress

E agora, em tempo de grave crise econômica no Brasil e de dólar paradoxalmente relativamente barato, cotado a cerca de R$ 3,60/ R$ 3,70, como estará o movimento de turistas brasileiros rumo ao exterior?

A resposta estatística será dada em Nova Orleans durante o IPW 2016, mas há dados que permitem espreitar o que está acontecendo nesse momento:

Nestes dias em que o Brasil está no meio de um furacão político e discutindo o impeachment da presidente Dilma, os números econômicos por aqui atestam um enorme avanço da inadimplência das pessoas e das empresas e, também, e avanço do desemprego no país, o que certamente tenderia a frear as viagens para o exterior.

Mas, por outro lado, o dólar no presente momento está relativamente barato, posto já que esteve valendo cerca de R$ 4,00 em 2016!

Isso, teoricamente, tem ajudado na venda de pacotes e de produtos turísticos para quem se destina aos EUA, que afinal são um destino referencial para o viajante brasileiro, seja pela relação custo-benefício, seja pela pluralidade de atrativos culturais e geográficos oferecidos.

Outro fator a considerar, quando o assunto é estimar o trânsito total de viajantes brasileiros que se destinarão ao EUA neste ano, é o preço dos bilhetes aéreos, que estão sendo vendidos a preços de liquidação pelas principais companhias aéreas.

E você, está considerando viajar a passeio para os EUA? Se a resposta for positiva, qual será o seu destino?