Adiantando tendências, a 4ª edição do World Travel Market, ou WTM Latin America 2016 (www.wtmworld.com), evento realizado em São Paulo, entre os dias 29 e 31 de março, no Expo Center Norte, concomitantemente ao 45º Encontro Comercial da Braztoa, demonstra a importância mundial do setor.
Mas, por outro lado, expõe o governo federal do Brasil, que tradicionalmente tem tratado a atividade turística com menos profissionalismo do que seria necessário.
Aliás, o (ex) ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, mais um político demissionário no bojo dessa crise institucional em que PMDB desembarca do governo Dilma, nem foi uma ausência sentida durante o evento internacional, até porque “nunca antes nesse país” havia militado no setor.
E nesse ritmo de “o Brasil é maior do que a crise”, com Olimpíadas do Rio pela proa, estandes bem montados representando 27 Estados brasileiros e países tão díspares como EUA, França e Suíça, Portugal, Espanha, México, Reino Unido, Austrália, Dinamarca, Israel, China, Taiwan, Peru, Rússia, Equador, Panamá, Chile e Argentina, entre tantos outros, atraíram estimados 6.000 importantes executivos interessados no setor de viagens e turismo da América Latina.
Números consolidados do WTM de 2015 em São Paulo, que devem ser superados no evento deste ano, dão conta de negócios da ordem de US$ 363 milhões conduzidos nos estandes de países e, também, nos de empresas hoteleiras, de navegação e aviação, e nos dos centros oficiais de fomento turísticos de Estados, cidades e regiões do exterior.
Neste ano, o Brand USA, organização público-privada que representa a gigantesca indústria do turismo dos EUA, anunciou durante o evento que Cathy Domanico será a sua nova vice-presidente.
Já David Scowsill, diretor do World Travel and Tourism Council (WTTC), organização não-governamental que reúne diversos dos principais atores da indústria do turismo, companhias aéreas, de navegação, ferrovias privadas, redes de hotéis e até as principais empresas de cartões de crédito, afirmou, durante a WTM Latin America 2016, que “apesar das incertezas na economia internacional e dos desafios específicos para o setor de viagem e turismo, no ano passado o setor cresceu 3,7%, aportando certa de 9,8% ao crescimento do PIB global.”
Baseado nas estatísticas da WTTC, David Scowsill disse ainda que a indústria turística empregou, no mundo, um total de 284 milhões pessoas em 2015 –com um aumento de 7,2 milhões com relação ao ano anterior.
Segundo ele, esse número indica que, no mundo, entre empregos diretos e indiretos, hoje o setor é responsável por um cada 11 postos de trabalho.
Scowsill destacou durante o evento que, a despeito de ataques terroristas que têm machucado indelevelmente alguns dos principais países receptores de turistas, “o setor de viagem e turismo demonstra mais uma vez sua força.”
Resta saber se no Brasil, país fragilizado por uma interminável crise ético-política e econômica, conseguiremos driblar as mazelas da política para realizar, no Rio, uma edição dos Jogos Olímpicos que não exponha o retumbante fiasco que tem caracterizado a gestão federal do setor de turismo, invariavelmente a cargo de ministros e presidentes da Embratur que, nomeados por razões políticas, pouco ou nada entendem do assunto.