2015 foi particularmente ruim para os operadores de turismo brasileiros: o dólar subiu quase 50% no ano, as viagens internacionais encareceram, algumas das mais tradicionais empresas do setor fecharam as portas.
Feitas as contas de menos, o setor sonhava –e ainda sonha– em compensar as perdas com a vinda de mais turistas estrangeiros para os Jogos Olímpicos do Rio neste ano de 2016.
Para melhorar os prognósticos e renovar as esperanças, Henrique Eduardo Alves (PMDB), o ministro do Turismo, conseguiu aprovar a dispensa de visto de entrada para os visitantes que para cá virão na época do evento.
Mas 2016 começou marcado por um “presente de grego”, com o governo federal cobrando das empresas de viagens mais imposto de renda sobre remessas para pagamentos de serviços turísticos no exterior.
Na melhor hipótese, se o ministro Henrique Alves cumprir o prometido para os operadores de turismo do país, a majoração será de “apenas” 6% (ou seriam 6,38% “acordados” no tempo do ministro Levy?), certamente as viagens encarecerão na mesma proporção.
Ao que parece, a despeito do papel de “muy amigo” de seus ministros, o governo federal está atrás de uma “win-win situation”, que é aquela em ele ganha duas vezes, arrancando mais impostos dos operadores e dificultando o gasto de divisas enquanto inibe as viagens de brasileiros para o exterior.
De acordo com estudos divulgados pelas entidades representativas do setor, haverá R$ 20 bilhões de retração na economia nacional caso a alíquota “presente de grego”, de 25%, for mantida; e cerca de 185 mil postos de trabalho diretos serão eliminados.
OLÉ!
Nesse meio tempo, o ministro Henrique Alves não perdeu a viagem e, depois de participar por dois dias na Feira Internacional de Turismo (FITur), megaevento da indústria do turismo realizado anualmente em Madri, retornou hoje (22) para o Brasil pensando ….na Argentina.
É que Brasil e Argentina acabam de assinar tratado para promoção conjunta dos dois países em mercados internacionais.
“Imagina a força que têm juntos a Amazônia e a Patagônia, o samba e o tango, o peixe e a carne no ramo da gastronomia”, propôs o ministro do Turismo, Henrique Alves, ao seu homólogo argentino Gustavo Santos.
E arrematou: “Não somos concorrentes, somos complementares. Enquanto o Brasil tem sol, a Argentina tem neve”. Afinadíssimos, Alves e Santos marcaram um novo encontro na WTM America Latina.
Tradicionalmente, cerca de 20% dos estrangeiros que vistam o Brasil são argentinos.
E tradicionalmente o Brasil coleciona números fracos de visitação internacional, tendo recebido em 2014, ano de Copa do Mundo por aqui, apenas 6,4 milhões de turistas estrangeiros (entre eles, 1,74 milhão de argentinos).
ENCONTRO MARCADO
Evento tradicional do setor de turismo brasileiro, a WTM Latin America 2016 vai ser realizada entre os dias 29 e 31 de março, no Expo Center Norte, em São Paulo, simultaneamente ao 45º Encontro Comercial Braztoa, órgão representativo dos operadores de turismo brasileiros, aqueles que aguardam por uma solução no imbróglio sobre a cobrança de uma alíquota por enquanto indefinida sobre as remessas que têm que fazer para o exterior.
No ano passado, estima-se que essa feira tenha movimentado US$ 363 milhões em acordos comerciais.
Neste ano em que os ministros do Turismo brasileiro e argentino prometem fazer e aparecer, a companhia aérea Emirates, a locadora de veículos Europcar International, as redes de hotéis Hilton, Iberostar, Othon e Trump, órgãos de fomento turístico de destinos como Bahamas, Dinamarca, Croácia, Noruega, Peru, Porto Rico, Uruguai e Seychelles confirmaram presença.