País que desde há muito colocou o turismo entre as prioridades do Estado, a Espanha fatura alto recebendo visitantes estrangeiros: precisamente, de acordo com estimativas oficiais, os viajantes deixaram no país € 64 bilhões em 2014.
Destino de turismo completo, com metrópoles vibrantes como Madri, Barcelona e Bilbao, cidades históricas, belas praias e arquipélagos, além de gastronomia que ora é bem marcada regionalmente e ora é inventiva vanguardista, o território espanhol é o segundo mais visitado por estrangeiros, no mundo, atrás apenas da França e rivalizando com os EUA.
No ano passado (2014), de acordo com números oficiais fornecidos por Enrique Ruiz De Lera, diretor do Spain Tourism Board em Londres (Inglaterra), a Espanha recebeu 65 milhões de turistas internacionais, número 7,1% maior do que no ano anterior.
Neste ano de 2015, até o mês de setembro, o país já havia totalizado 54,3 milhões de turistas, num crescimento de 3,8% com relação ao mesmo período de 2014 –e a previsão oficial é de que a visitação de estrangeiros por lá cresça 3,3% neste ano.
Além de uma praça hoteleira privada eficiente –e com mais de 60 marcas conhecidas mundialmente, caso dos grupos Meliá/Tryp, NH, Iberostar, Riu, Barceló, Fiesta e Occidental–, a Espanha tem ainda uma rede de 93 Paradores que são administrados pelo Estado.
Fundada em 1928 e hoje presente em todas as regiões autônomas e nas ilhas da Espanha, a rede de Paradores é paradigma de eficiência no setor e está na base do sucesso do turismo receptivo espanhol –que é o que traz divisa.
Em sua origem, um marquês espanhol teve a ideia de readequar locais históricos para transformá-los em hotéis.
É preciso lembrar que, no início dos anos 1920, em lugares mais afastados, quase não havia como atrair o turismo, atividade que, então, era uma novidade numa Europa que apenas havia emergido da Primeira Guerra (1914-1918) e começava a popularizar o automóvel.
Assim, em sua maioria, os Paradores são hotéis clássicos que reconstruíram e adequaram fortalezas, castelos, monastérios e conventos, e em cujos prédios estão guardadas obras de arte que, catalogadas, integram o acervo que o grupo chama de “La Colección.”
Agora mesmo, três tapeçarias belgas do século 17 confecionadas por Jan van Leefdaal (1603-1668), que pertencem ao Parador de Hondarríbia, no País Basco, valendo alguns milhões de euros cada, estão expostas num museu de Madri.
E para que se tenha uma dimensão da importância desse mesmo Parador, uma fortaleza militar de paredes de 3 metros de espessura, basta dizer que a propriedade, fortificada século 12 por Carlos 5°, fica no ponto mais alto de Hondarríbia, diante da Praça de Armas –e tem vista, do outro lado da baía, para a França.
Recentemente, o cineasta Pedro Almodóvar se hospedou lá, mas, do tempo em que era um castelo, há notícia de outro hóspede ilustre, o escritor Miguel de Cervantes (1547-1616).
Assim, quase nonagenária, mas em grande forma, essa rede de Paradores (e-mail paradores@itms.net.br; tel. 11-3090-0868) tem como missão fomentar o turismo e, além disso, preservar a história e o patrimônio da Espanha.
Hoje, na verdade, a rede explora três categorias de Paradores: as do grupo Essencia, que ficam em propriedades que são monumentos históricos, castelos e conventos; as classificadas como Civia, que são mais urbanas e contemporâneas; e as do grupo Natura, localizadas em meio a parques e florestas.
Toda essa história que remete ao nascimento das indústrias hoteleira e turística da Espanha, talvez seja um bom exemplo de como o Estado e a inciativa privada podem, juntos, concertar atividades para fomentar a indústria de viagens e, com isso, ajudar a consertar a economia de um país.