Turismo, vistos e Olimpíadas

Por Silvio Cioffi
 “Antes tarde do que nunca”, como se diz, os órgãos oficiais de fomento turístico descobriram que o turismo receptivo, um fiasco nacional, pode se tornar uma saída para mitigar a crise econômica que paralisa o Brasil.

 Afinal, receber turistas estrangeiros significa entrar no mapa-múndi e, principalmente, faturar em moeda forte.

Por aqui, por enquanto, estamos estacionados em marcas pífias de visitação de estrangeiros e vivemos na contramão dos países que exploram a atividade turística com profissionalismo.

Mas, como 2016 é ano de Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, acordar para esse potencial e trabalhar para reverter essa tendência pode significar criar condições para que os visitantes de outros países tenham no Brasil experiências gratificantes em termos de conforto, de segurança e do custo-benefício de nossa infraestrutura hoteleira e esportiva.

A verdade é que, em 2014, ano de Copa do Mundo, mais turistas vieram para cá; mas, também é fato, que a despeito de grandes investimentos, conseguimos aumentar em apenas 4,4% o número de visitantes estrangeiros por aqui.

Há quem credite esse resultado fraco ao tradicional aparelhamento político-partidário dos órgãos de turismo federais e à falta de políticas público-privadas adequadas.

Para que se tenha uma dimensão do subaproveitamento de nossas potencialidades: no ano passado, com Copa e tudo, o Brasil recebeu 6,7 milhões de visitantes internacionais.

Enquanto isso, os EUA, totalizaram o recebimento de 75 milhões de turistas estrangeiros em 2014.

Isso porque lá, além de discursos e de declarações de intenção por parte do governo, há uma parceria público-privada que levanta e gerencia conjuntamente os recursos do Brand USA, um órgão criado no primeiro mandato do presidente Barack Obama.

Hoje, graças à atuação desse Brand USA, a indústria de viagens norte-americana já responde por cerca de 3,8% do PIB dos EUA e emprega cerca de 8 milhões de pessoas.

E a meta do Brand USA é atrair 100 milhões de viajantes/ano até 2020 e ultrapassar os países que atualmente mais faturam com visitantes estrangeiros, que são, pela ordem, a França, a Espanha e, logo depois, a Itália e/ou EUA.

 

FIM DO VISTO? QUEM VIVER, VERÁ…

 

Recentemente, no entanto, o ex-deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB), atual ministro do Turismo, apresentou dados sobre a importância econômica do fluxo de turistas no país que, segundo ele, “responde por 3,7% do PIB do Brasil, gerando 3 milhões de empregos diretos.”

No âmbito nacional, o ministro Henrique Alves tem afirmado também que quer fomentar a atividade turística aproveitando as Olimpíadas do Rio, no ano que vem.

E, para que isso aconteça de fato, ele conta com a aprovação pelo Congresso Nacional de um projeto que poderia liberar da necessidade do visto os viajantes alguns de países que, tradicionalmente, enviam número considerável de expectadores aos Jogos Olímpicos.

“Queremos que cada vez mais turistas venham ao país, e que passem pelo menos 90 dias aqui. Por isso, por quatro meses, o Brasil terá a liberação de vistos para alguns países, independente da reciprocidade”, afirmou o ministro.

“Vamos discutir com a presidente Dilma quais países devem fazer parte desse sistema”, discursou, mencionando os EUA, a Austrália, o Canadá e o Japão como os possíveis beneficiados.

E nós, sempre crédulos, vamos torcer para que a presidente, engolfada numa crise sem precedentes, saia da letargia e –finalmente– tome medidas efetivas em prol do combalido turismo receptivo brasileiro.