Em 2014, a França recebeu, segundo números oficiais, 660.000 turistas brasileiros, mas, neste ano, em face da crise econômica e da desvalorização do real, o país projeta uma queda que deve ser de 6% a 8% no número de viajantes.
Ainda assim e por causa disso, Matthias Fekl, ministro do Comércio Exterior da França e encarregado da promoção do turismo do seu país, esteve em São Paulo na última quarta-feira (14).
“A França deve investir 1 bilhão de euros nos próximos cinco anos em infraestrutura turística”, afirmou Fekl durante encontro que contou com as presenças do embaixador francês Laurent Bili; de Jean Philippe Peról, diretor da Atout France Américas; de Roland de Bonadona, ex-presidente do megagrupo hoteleiro Accor; de Adriana Cavalcanti, da Air France; Guillermo Alcorta, do Panrotas; e de empresários de peso do setor de turismo, caso de Guilherme Paulus (CVC) e de Eduardo Barbosa (Flot).
No evento, foram discutidos o mercado brasileiro de viagens e as perspectivas do turismo brasileiro para a França –e uma de suas conclusões é que, com a queda de 6% do número de chegadas em setembro e com a diminuição do número de reservas em outubro e em novembro, haja uma queda que deve, como mencionado anteriormente, ficar entre 6% e 8% neste ano de 2015.
Segundo essas estimativas, está em curso uma desaceleração das viagens e dos gastos dos brasileiros na França.
Mas, tomando-se por base os números de 2014, que contabilizaram em 660.000 os turistas do Brasil que visitaram o território francês, nota-se que o número de visitantes mais do que dobrou em uma década, já que, em 2004, foram 300.000 os viajantes brasileiros estiveram em território francês.
Para que se tenha uma ideia do tamanho desse mercado, vale lembrar que entre os 1,7 milhão de passageiros brasileiros que se destinaram à Europa em 2014, os destinos mais escolhidos foram, além da França, Portugal, Itália, Espanha, Alemanha e Reino Unido.
Mas também têm surgido novos “players”, países que têm atraído a atenção dos viajantes brasileiros, caso da República Tcheca, da Suíça, da Áustria e da Turquia.
A estimativa da Atout France (france.fr), órgão oficial de fomento turístico da França, é que, em consequência da atual situação de crise econômica no Brasil e da consequente desvalorização do real, haverá neste ano um aumento de cerca de 5% nas viagens domésticas, um declínio que deve ficar entre 6 a 10% nas viagens para a Europa, além de uma queda que poderá ser de até 15% nas viagens de brasileiros para a América do Norte.
NOVOS E VELHOS CLIENTES
Outros aspectos aventados na reunião que contou com a presença do ministro Matthias Fekl mostram que, além dos clientes tradicionais, que procuravam e procuram luxo em suas viagens à França, surgem novos passageiros brasileiros entre as classes emergentes e aumenta a procura para pacotes/roteiros mais urbanos e, também, por passeios e excursões de ônibus. Também ganham espaço o cliente estudantil e os cursos de língua.
Hoje, entre os maiores operadores brasileiros, os 68 afiliados à Braztoa, respondem por 90% das vendas de pacotes, incluindo aí a CVC, que embarcou 4 milhões de passageiros no ano passado e que, sozinha, representa a metade da operações para a França.
Já os sites de agências ou prestadores de serviços online, segundo a Atout France, teriam sido responsáveis por 25% das vendas em 2014.
OBJETIVOS AMBICIOSOS
A Atout France afirma que seu plano estratégico é elevar o número de visitantes brasileiros para 1,5 milhão de pessoas. Para isso, além de fidelizar os clientes atuais, planeja diversificar a oferta de destinos, hoje ainda muito centrada na capital Paris.
Entre as regiões e produtos que serão mais promovidos no futuro próximo estão outras grandes cidades francesas, como Lyon, Marselha, Nice, Toulouse, Estrasburgo, Bordeaux e regiões vitivinícolas, bem como os territórios ultramarinos franceses no Caribe, a Guiana e o Taiti.
Outros pontos a serem focados pela França para aumentar o número de visitantes estrangeiros em seu território deverão destacar a valorização da modernidade, o estilo de vida francês, bem como as viagens de incentivo, o turismo religioso e o esqui na neve, uma especialidade por exemplo do grupo francês de resorts Club Med.