Finalmente deu na Folha desta quarta (15) que o “Ex-presidente da Câmara será oficializado hoje no Turismo” e, dito e feito, o ex-deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) passou a integrar um dos mais controvertidos entre os 39 ministérios da presidente Dilma Rousseff.
Foi uma novela: Dilma, em consonância com seu vice Michel Temer, estava no aguardo da inclusão –ou não– do nome de Henrique Alves, um ex-presidente da Câmara Federal que foi deputado por 11 mandatos consecutivos, na lista de investigados da Operação Lava Jato para, só então, nomeá-lo seu o ministro do Turismo.
Mesmo nomeado, ninguém ainda sabe se o ex-deputado peemedebista entende de turismo, se algum dia trabalhou ou empreendeu na indústria de viagens, se já examinou os números do setor no Brasil e no mundo –mas é muito provável que a resposta seja não para todas essas possibilidades.
A ida de Alves para o Ministério do Turismo, todos sabem, é um aceno da Presidência da República para o atual presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que impinge derrotas ao governo no Legislativo. E, de fato, a julgar pelas declarações de Cunha, a nomeação de Alves agradou em cheio: “É um quadro excepcional, para nós é sempre uma honra e orgulho. (…). É um orgulho para qualquer governo poder ter o Henrique no seu ministério”, desmanchou-se.
Os peemedebistas Henrique Alves e Eduardo Cunha são amigos e aliados políticos de velha data, nem importa se a nomeação vai na contramão de uma improvável diminuição do número de ministérios preconizada pelo presidente da Câmara…
LAGES NA BERLINDA
Mas, como sempre, para se opor ao coro dos contentes, há a cantilena dos descontentes. A nomeação de Henrique Alves para a pasta do Turismo expele do cargo Vinicius Lage, um apadrinhado do presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL).
Agora sem rumo definido, Vinícius Lage fora mantido à testa do ministério de Turismo na transição do primeiro para o segundo governo Dilma, enquanto se apurava se Henrique Alves ia ou não ia para o banco dos réus da Lava Jato.
O curioso, em se tratando da importância pífia a Presidência sempre deu para o Ministério do Turismo, é que, olhando em perspectiva, Vinícius Lages até que foi um ministro-tampão que agradou. Há quem diga no setor que ele “teve vontade de fazer coisas”; “que tem real familiaridade com a pasta” e, para melhorar o quadro, Lages fez doutorado na França, foi membro do Conselho Nacional de Turismo e também representante da Organização Mundial do Turismo (OMT).
Até a gestão de Vinícius Lage, o Ministério do Turismo foi moeda de troca na relação PT-PMDB e um “prêmio” para deputados peemedebistas que, em geral, não eram do ramo __e, como sempre dá para piorar, parece que voltou a sê-lo. Em condições análogas, a nomeação do presidente da Embratur tradicionalmente esteve sob a área de influência política do PCdoB.
Ao que parece, nesse momento o sonho de Lages desmoronou. Apeado do ministério do Turismo, ele deverá ser “compensado” pelo vice Michel Temer com uma diretoria num banco estatal ou, quem sabe, com um cargo de comando na Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Outra hipótese é virar chefe-de-gabinete do seu padrinho político Renan Calheiros, aprofundando o clima ruim entre a Presidência do Senado e o governo federal.
PERSPECTIVAS E RIO-2016
O episódio mais uma vez desnuda que o governo do Brasil não age de forma determinada para transformar o setor numa fonte importante de divisas: o país permanece empacado na marca de 5,5 milhões de turistas estrangeiros anualmente.
Em 2014, é verdade, o número melhorou: no ano da Copa do Mundo, cerca 6,7 milhões de viajantes internacionais visitaram o Brasil.
Mas, como comparar ajuda a entender, também no ano passado, números totalizados por órgãos oficiais de países que levam o turismo a sério e pela Organização Mundial do Turismo (OMT), registram que França recebeu mais de 85 milhões de viajantes estrangeiros; os EUA, 75 milhões; a Espanha, 65 milhões; a China, 56 milhões, e a Itália, algo em torno de 48 milhões de turistas estrangeiros.
No ano que vem, 2016, o Rio será sede dos Jogos Olímpicos e, a julgar pelo rodar da carruagem, é difícil encontrar quem aposte que o governo federal conseguirá driblar a sua própria crise para, em parceria com a indústria de viagens, se organizar para atrair um número recorde de visitantes estrangeiros ao Brasil.
BOAS NOVAS NO “TURISMO WEEK”
A despeito da crise política e da alta do dólar frente ao real, está a todo vapor, até o dia 2 de maio próximo, a 6ª edição do evento “Turismo Week” (www.turismoweek.com.br), que, ao todo, vai durar 27 dias.
Organizada pela Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo), a feira promete descontos de até 40% –e comercializa pacotes com embarques e diversas épocas do ano.
Entre outros pacotes, há a venda por exemplo de viagens em cruzeiros marítimos, para destinos nacionais e internacionais como a Flórida (EUA) e para Cuba, como também para a região da Catalunha e para Alemanha.
No site do evento, é possível escolher roteiros e fazer o pedido para as operadoras da Braztoa que, então, retornam o contato para fechar o negócio.
Até o dia 19 de abril, o site da promoção trará pacotes para Cuba. Outra novidade é a “Turismo Week Luxo”, um espaço no site e com roteiros sofisticados.
GOL VOARÁ PARA CUBA
A Gol, que reportou prejuízo de R$ 631 milhões no primeiro trimestre deste ano por conta de derivativos e da alta dólar, recebeu da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a disponibilização para realizar três voos semanais entre o Brasil e Cuba.
E Cuba, que já é um destino bastante comercializado por operadores do país, como aliás se constata na semana especial dedicada ele no “Turismo Week”/Braztoa em São Paulo, deve receber um número ainda maior de viajantes brasileiras.
Nos EUA, a aproximação diplomática entre os EUA e Cuba também vai gerar um sem-número de viagens. Uma agência norte-americana já anunciou que haverá voos de Nova Orleans, na Louisiana, à capital cubana Havana. Idem o aeroporto de Orlando poderá entrar entrar na rota do turismo cubano.
Sinal dos novos tempos, o “International New York Times” publicou uma charge de Patrick Chappatte, reproduzida acima, onde se vê o presidente Obama dizendo a um enternecido Raul Castro que Cuba será retirado da lista dos países terroristas “para ser incluído na lista do países turísticos.”