A despeito da alta do dólar que, é verdade, se intensificou nos primeiros meses de 2015, o número de brasileiros que visitaram os EUA em 2014 cresceu 10% –totalizando cerca de 2.264.000 de pessoas.
Os dados, recém-divulgados pelo Brand USA e pelo Departamento de Comércio norte-americano, órgãos responsáveis pelo fomento e pelas estatísticas de turismo, mostram que, apesar do crescimento, o Brasil permanece em quinto lugar no ranking dos países que mais enviam viajantes aos EUA.
Essa estatística considera o Canadá e o México, países da América do Norte com os quais os EUA fazem fronteira, e nos coloca, também, atrás de Reino Unido e Japão.
Mas, conforme a tabela abaixo, convém considerar a velocidade do crescimento dos respectivos turismos emissivos para notar que a China logo deverá ultrapassar o Brasil nesse ranking.
Outra notícia sobre a indústria do turismo norte-americana sinaliza a prioridade que o governo Barack Obama, através do Brand USA, vem dando ao setor: o país fechou o ano passado batendo recorde de visitação ao receber 75 milhões de visitantes internacionais. No geral, em relação a 2013, o receptivo turístico dos EUA cresceu 7% em 2014.
FONTE DE DIVISAS
A indústria do turismo já é hoje o maior negócio da América do Norte e, entre empregos diretos e indiretos, dá sustento a 1,1 milhão de pessoas nos EUA.
Divulgados no último dia 11 de março, os dados do Departamento de Comércio dos EUA mostram que o país segue determinado a cumprir a meta do presidente Obama para o setor de turismo para, que, até 2021, deve receber 100 milhões de visitantes internacionais.
Renata Saraiva, representante do Brand USA no Brasil, afirma que “os números que mostram o aumento do fluxo de turistas brasileiros nos EUA são animadores” e que “o crescimento de praticamente 10% em relação a 2013 só nos encoraja a continuar incentivando as viagens para os EUA”.
Os principais mercados emissores de turistas para os EUA continuam sendo Canadá e México, embora as estatísticas consideram apenas o turismo de fato (“international arrivals”) e descontem o vai-e-vem. O México apresentou um aumento de 19%, superando o recorde alcançado em 2007, atingindo 17,3 milhões de visitantes em 2014.
Conforme se observa na tabela abaixo, 16 dos 20 países cujos cidadãos mais visitam os EUA registraram aumento de emissão de turistas no período 2014/2013 –e oito desses países registraram aumento ultra consistente, de dois dígitos.
Ainda no ano passado, os turistas estrangeiros que entraram nos EUA pelos 15 mais importantes portões de entrada totalizaram 83% de todas as visitas internacionais.
Os três principais destinos foram Nova York, Miami e Los Angeles, e somaram 41% de todas as visitas.
Janeiro-Dezembro 2014 | | |
Principais países emissores | Número de visitantes | Diferença de % (2014/2013) |
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Canadá | 22.975.195 | -1.8 |
México | 17.334.495 | 19.2 |
Reino Unido | 3.972.655 | 3.6 |
Japão | 3.579.363 | -4.0 |
Brasil | 2.263.865 | 9.9 |
China (exclui Hong Kong) | 2.188.387 | 21.0 |
Alemanha | 1.968.536 | 2.7 |
França | 1.624.604 | 8.0 |
Coreia do Sul | 1.449.538 | 6.6 |
Austrália | 1.276.124 | 5.9 |
Fonte: Brand USA e Departamento de Comércio dos EUA
BRASIL NA BERLINDA
A despeito de ser um dos maiores exportadores de turistas para os EUA e na contramão do que fazem os países que levam o turismo a sério, o Brasil permanece tristemente estacionado na marca de 5,5 milhões de turistas estrangeiros/ano.
Em 2014, graças à Copa do Mundo, de acordo com estatísticas oficiais, cerca de 6,7 milhões de viajantes internacionais visitaram o Brasil, o que também não deixa de ser um número pobre.
No mundo desenvolvido, no ano passado, com base em dados da preliminares da Organização Mundial do Turismo (OMT), estima-se que a França tenha recebido 85 milhões de viajantes estrangeiros; os EUA, agora já de acordo com o Brand USA, 75 milhões; a Espanha, mais de 60 milhões; a China, 56 milhões e a Itália algo em torno de 48 milhões de pessoas.
Em 2016, todos sabem, o Rio de Janeiro será sede dos Jogos Olímpicos. Resta torcer para que o governo federal, mergulhado numa crise sem precedentes, tenha condições de faturar com o evento e melhorar a performance do país no quesito turismo.
Ocorre que, depois de anos de aparelhamento político do Ministério do Turismo e da Embratur, fica difícil acreditar que isso venha acontecer.
Aliás, como seria bom se o governo federal, através do órgãos “competentes”, conseguisse trazer mais divisas ao invés de esmerar-se no nada nobre esporte de aumentar impostos, taxar ainda mais as economias dos cidadãos e tungar o contribuinte sem a menor preocupação de fazer a lição de casa em relação às suas próprias contas e aos seus 39 ministérios…
Vale lembrar que os EUA sequer têm um ministério específico para cuidar do setor de turismo e que é o Departamento de Comércio norte-americano que está por detrás dos recordes recém anunciados por lá.