Quantas horas uma pessoa precisa dormir? Isso certamente varia de indivíduo para indivíduo e, também, segundo a National Sleep Foundation de Arlington, nos EUA, tem relação com a faixa etária de cada um.
Em geral, é costume se dizer que oito horas de sono são suficientes para que um adulto jovem descanse.
Mas, de acordo com a essa fundação norte-americana, um adolescente entre 14 e 17 anos deve dormir em torno de 10 horas/dia.
Já para os adultos jovens, que têm entre 18 e 25 anos, a média ideal de sono estaria entre sete e nove horas diariamente, com a recomendação de não dormir menos do que seis horas –e nem mais de dez ou onze horas seguidas.
Para os adultos entre 26 e 64 anos, valeria a regra de dormir entre sete e nove horas; já no caso dos chamados idosos, que são pessoas com 65 anos ou mais, o saudável seria dormir entre 7 e 8 horas por dia.
Manter uma rotina de horários e de exercícios físicos, garantir um ambiente saudável no quarto, nem é preciso lembrar, ajuda na qualidade do sono.
Acontece que nem sempre é fácil reunir todas essas condições ideais.
Em ocasiões festivas e agitadas, como o Carnaval, e em viagens longas, especialmente nas de avião, o relógio biológico das pessoas quase que literalmente vai para o espaço.
Mesmo o mais comedido folião está exposto à uma agitação extra, eventualmente toma bebidas alcoólicas e/ou energéticos e, na hora de dormir (tarde), o sono fica atrapalhado e fatalmente cobra uma conta.
E se a pessoa tiver feito de véspera uma viagem aérea, pior ainda.
PARA DRIBLAR O JET LAG
A maioria das pessoas acha que a receita de dormir num voo noturno inclui tomar drinques ou vinho, enfrentar um jantar demorado e, depois do fim do serviço de bordo, entrar na fila do banheiro para então tentar se acomodar e dormir.
O fato é que todo esse “procedimento padrão” faz o passageiro perder um tempo precioso em que poderia estar dormindo ou relaxando para chegar em melhor estado ao seu destino de viagem.
É certo que, com o aperto cada vez maior da classe econômica, dormir requer prática e habilidade, uma máscara própria para viajar de avião (que as empresas aéreas nem sempre distribuem) e, eventualmente, até uma “boia”, ou travesseiro de que envolve o pescoço.
Há quem prefira uma refeição leve antes da viagem, até porque comida de avião raramente vale a espera dos carrinhos que entopem os corredores e estressam.
Profissionais de saúde da especialidade medicina aeroespacial explicam que, em voos longos, há uma alteração mais agressiva do ritmo biológico.
Especialmente em voos transatlânticos, que atravessam fusos horários, dependendo do indivíduo e das horas que conseguir descansar a bordo da aeronave, é preciso de 12 horas de adaptação para cada fuso que a viagem ultrapassar.
É por isso que tripulações de aviação comercial, em muitas circunstâncias de viagens de bate-e-volta, não ajustam seus relógios e mantêm a rotina de comer e dormir conforme o horário dos locais em que estão baseados.
Além do fuso, há o problema do deslocamento rápido e da pressurização da cabine, já que o interior dos grandes jatos tem nível de oxigênio menor do que o normal, o que contribui para diminuir as capacidades digestiva e respiratória.
Assim, antes das viagens aéreas mais longas, é sempre é bom também evitar comidas pesadas nas horas que antecedem a viagem.
As bebidas alcoólicas ou gasosas durante o voo não ajudam quem quer descansar ou dormir. Sucos e molhos ácidos também atrapalham a digestão e, consequentemente, resultam em piora do jet lag, que é o termo em inglês para a fadiga causada pelas viagens aéreas.
CUIDAR DA CIRCULAÇÃO
Quando não está tentando repousar, é importante que o passageiro procure andar ou fazer os exercícios leves que em geral são recomendados nos cartões que estão nos bolsos das poltronas, especialmente se estiver no espaço apertado da classe econômica.
Viajantes obesos ou de grande estatura devem redobrar esses cuidados.
Mas vale para todo mundo: fazer movimentos para cima e para baixo com os dedos dos pés, para ativar a circulação, é essencial.
Remédios como indutores de sono só devem ser usados com receita médica –e são ainda menos recomendáveis para quem abusa do drinque ou do vinho a bordo.
Outra dica é usar o banheiro (ainda limpo) logo que o comandante houver desligado o aviso luminoso de usar cintos, lembrando que usar cintos é importantíssimo quando se está sentado ou tentando dormir.
Viajantes frequentes costumam marcar os melhores assentos ao reservar poltrona no voo ou fazer o check-in cedo para guardar os lugares mais espaçosos e isolados. Raramente querem sentar-se na janela, pois o corredor é estratégico para quem quer levantar para uma providencial voltinha ou ir ao banheiro.
Muitas dessas dicas não valem para as novas poltronas da classe executiva, que são ergométricas, reclinam na medida certa, têm abas que acomodam a cabeça. Menos ainda para as de primeira classe, que se transformaram em habitáculos isolados e viram em camas, realmente dão chance do passageiro dormir de verdade, com grande conforto.
SEJA CHATO
Como depois da decolagem a temperatura dentro do avião é fresca, evite usar muita roupa e cubra-se com a matinha fornecida a bordo, é mais confortável e discreto. E, se realmente quiser dormir ou repousar, fuja do social, pois existem pessoas que contam a vida nos aviões –e roubam o tempo preciso que deve ser usado para quem pretende chegar mais inteiro ao destino da viagem.
Também é sábio usar sapatos folgados, já que os apertados são virtualmente impossíveis de calçar com o inchaço dos pés que ocorre depois dos voos prolongados.
Colocar a bagagem de mão ao alcance da vista, no maleiro oposto ao de cima de sua poltrona, é uma recomendação para os que levam valores ou dinheiro vivo e não gostam de viajar de bolso cheio.
Moedas e chaves nos bolsos são outra cilada: vão dar trabalho no detector de metais no saguão do aeroporto e costumam cair dos bolsos dentro da cabine quando o passageiro recosta.
E, antes de tudo, pense se é melhor optar pelo voo noturno (mais comum em viagens transcontinentais) ou pelo voo diurno.
No voo diurno, se a sua expertise como dorminhoco de avião fracassar, há sempre uma cama –no hotel ou em casa– no final.
Já nos voos noturnos, quando a necessidade de dormir é maior, a chegada corresponde a um novo dia em que é preciso enfrentar a alfândega e, quem sabe, um agitado e contagiante baile de Carnaval.
Assim, quando a viagem acabar, espante a chatice e aproveite!