Com a popularização do turismo consolidada no século 21, fazer uma volta ao mundo, como a descrita em 1873 no romance do escritor francês Júlio Verne, deixou de ser uma epopeia literária e virou uma viagem que, embora cara, é passível de ser empreendida sem contratempos num transatlântico de cruzeiro ou de avião.
Muita gente escolheu a primeira hipótese e, na última terça-feira (6), embarcou no navio Costa Deliziosa, que comporta até 2.500 passageiros. À primeira vista, o custo nem parece tão salgado como a água do mar: R$ 30.869 por pessoa em cabine dupla “classic”, com varanda –o valor não inclui taxas e dá para pagar em dez vezes sem juros.
Se considerado o preço por dia, como essa viagem que acaba de partir de Savona, na Itália, deve durar 115 dias, cada passageiro está desembolsando R$ 269/dia.
O Costa Deliziosa, que está viajando desde terça, deve, ao todo, visitar 40 destinos em 18 países; no Brasil, esse transatlântico da Costa Cruzeiros (www.costacruzeiros.com.br) vai realizar aportagens entre 19 e 24 de janeiro, visitando Recife, Maceió, Salvador e Rio de Janeiro. Essa volta ao mundo do Deliziosa visita ainda, entre outros, destinos, Marselha, Barcelona, Casablanca, Punta del Este, Buenos Aires, Puerto Madryn, Cabo Horn, Ushuaia, Puerto Montt, Ilha de Páscoa, Tahiti, Bora Bora, Sydney, Perth, Ilha Maurícius, Durban, Cidade do Cabo, Dakar, Ilha da Madeira e Málaga.
Quem perdeu a saída no transatlântico italiano nesta semana, pode se planejar para embarcar numa outra viagem de 98 noites a bordo do Costa Luminosa, pagando R$ 50.589 por pessoa (mais taxas), numa cabine dupla com varanda “classic”, o que equivale a uma diária de R$ 516 para cada passageiro.
Isso porque, a partir de 14 de setembro, o Costa Luminosa inicia a sua volta ao mundo passando por portos da França e da Espanha, singrando o mar do Caribe e aportando no México, nos EUA, na Nova Zelândia, na Austrália, na China, na Índia e nos Emirados Árabes.
PREVISIBILIDADE DOS GASTOS
A vantagem dessas viagens transatlânticas contemporâneas é a possibilidade de prever gastos sem grandes surpresas, pois num navio, além do deslocamento entre os portos, estão incluídos a estada e todas as refeições.
Há 142 anos, quando o ficcional cavalheiro inglês Phileas Fogg resolveu dar uma volta completa pelo planeta no clássico “A Volta ao Mundo em 80 dias”, de Júlio Verne, provavelmente uma viagem desse tipo só poderia ser feita por quem dispusesse de uma fortuna incalculável.
E assim, no romance de Verne, depois de apostar 20 mil libras esterlinas garantindo que faria a viagem no tempo previsto, o personagem fleumático e seu criado francês Passepartout iniciaram uma viagem de circum-navegação que, realizada em diversos tipos de transportes, entraria para o imaginário como uma das grandes obras da literatura universal.
Adaptada para o cinema com os atores David Niven e Cantinflas nos papéis principais, a história ganhou contornos ainda mais extravagantes.
O TEMPO VOA
Hoje, quem preferir pode fazer a viagem de volta ao mundo de avião. Há inclusive um luxuoso pacote em que o passageiro não troca de equipamento. E também dá para adquirir bilhetes do tipo RTW (“Round The World”) das principais alianças de companhias aéreas.
Por US$ 119.000 (isso mesmo, cento e dezenove mil dólares), a operadora brasileira Teresa Perez (www.teresaperez.com.br) oferece um pacote para viajar entre os dias 16 de março e 8 de abril deste ano.
Essa volta ao mundo prá la de chique inclui todos os trechos aéreos, hospedagem em hotéis de cinco estrelas da rede Four Seasons, refeições, serviços e passeios.
Para tanto, um Boeing-757 foi especialmente reconfigurado só com assentos de primeira classe pela Four Seasons, que também cuidará do serviço de bordo.
A viagem oferecida pela operadora tem início em Los Angeles, na costa oeste dos EUA, e termina em Londres, na Inglaterra, visita destinos no Havaí, na Polinésia Francesa, na Austrália, na Indonésia, na Tailândia, na Índia e na Turquia.
Nas três maiores alianças aéreas –Star Alliance, OneWorld e SkyTeam– as passagens do tipo RTW têm regras específicas e, nelas, em geral o passageiro precisa completar a sua volta ao globo voando no máximo 16 trechos.
Cada uma desses alianças, vale repetir, tem suas normas e, em geral, a viagem tem que ser feita num período que pode variar de dez dias a um ano.
Nesse tipo de bilhete aéreo RTW, o viajante inicia e termina a viagem na mesma cidade e o mínimo de trechos a serem voados é de 3 conexões. Em cada zona do globo, também há limitações específicas de número de voos, mas é possível desembarcar num país e embarcar em outro, o que dá ao viajante a chance de fazer trechos de trem, de carro ou até de navio entre diferentes destinos/aeroportos.
Para se ter uma ideia mais precisa de custos com passagens, vale fazer a simulação nos sites das alianças. Para dar um exemplo, 16 trechos voados em classe econômica podem custar no mínimo cerca de US$ 5.000 (ou R$ 13.500).
De todo modo, ainda que o viajante planeje tudo reservando hotéis com antecedência, convém lembrar que há diversos gastos difíceis de prever numa volta ao mundo feita com os bilhetes aéreos multidestinos dessas alianças aéreas, tais como táxis de e para os aeroportos, refeições etc.
E então, preparado para partir? Que destinos de sonho e cidades sua circum-navegação incluiria?
Sites recomendados
- Star Alliance (http://www.staralliance.com/pt/), integrada por companhias aéreas tais como United Airlines, Lufthansa, Air Canada, Air China, SAS, Air India, ANA, Avianca, Copa, Austrian, Turkish, TAP, Singapore e SAA
- One World (www.oneworld.com), da qual, entre outras empresas, fazem parte a American Airlines, British Airways, Iberia, JAL, LAN/TAM, Qantas, Malaysia, FinAir, Royal Jordanian, SriLankan, Qatar Airways e Cathay Pacific
- SkyTeam (http://www.skyteam.com/), que conta com a participação de aéreas como Air France-KLM,Alitalia, Delta, Aeroflot,Aerolíneas Argentinas, AeroMexico, China Airlines, Czech Airlines, Garuda, Kenya Airways, Korean Air, Middle East Airlines.